Greves nos CTT demonstraram determinação na luta
PERSISTÊNCIA Depois de «mais uma grande jornada de luta» nos CTT, com expressiva adesão à greve de 12 de Junho, os sindicatos vão realizar reuniões de trabalhadores para analisar novas acções.
A recusa do cartão de refeição insere-se no combate mais geral
Nas greves de 29 de Maio e 12 de Junho, os trabalhadores das empresas do Grupo CTT «provaram a sua força e determinação» e «irão continuar a luta até atingirem os objectivos», afirma-se num comunicado, emitido ontem e subscrito pelos nove sindicatos que promoveram as paralisações.
«Nem ameaças, requisições e outros meios obscuros desmobilizaram os trabalhadores», e no dia 12 de Junho teve lugar «mais uma grande jornada de luta». Às primeiras horas deste segundo dia de greve, o SNTCT realçou os elevados índices de adesão nos centros de produção e logística do Sul (Cabo Ruivo, Lisboa), com 95 por cento, e do Norte (Maia), superior a 90 por cento, enquanto no MARL (CTT Expresso) apenas se apresentaram ao serviço dois dos 28 trabalhadores do turno da madrugada.
Nessa tarde, o sindicato da Fectrans/CGTP-IN informou que, com os dados recolhidos até ao meio-dia, a adesão à greve estava em 78 por cento.
A propósito dos números muito inferiores apresentados pela administração (18 por cento de adesão, a 29 de Maio), o SNTCT interrogou, num comunicado de 10 de Junho sobre abusos e ilegalidades na aplicação dos serviços mínimos: «Têm medo de quê, para necessitarem de requisitar tantos trabalhadores? Era necessário requisitar trabalhadores para efectuar serviços mínimos quando, segundo “eles”, cerca de 82% irão trabalhar?»
A 12 de Junho, refere-se no comunicado conjunto, «foram notórios os resultados da greve, foi notória a acumulação de serviço, foi preciso arranjar quem trabalhasse nos feriados e no fim-de-semana». Igualmente, «foi demasiado evidente a desorientação dos “arautos” da gestão», que «tudo fizeram para esconder a realidade».
«Trabalhamos nos CTT Correios, fazemos o nosso trabalho com profissionalismo, damos a cara junto dos utentes e clientes», «queremos prestar um serviço postal universal com qualidade», «mas não nos deixam». A acrescer aos problemas denunciados e combatidos há muito e agravados após a privatização dos CTT, os sindicatos alertam agora que «querem alterar os padrões de qualidade, para que o correio possa ser distribuído uma ou duas vezes por semana», e «querem desregulamentar a prestação do trabalho (local de trabalho e horários)».
Unidos
para prosseguir
Reafirmando que «estão unidos e têm objectivos comuns», os sindicatos declaram que vão «continuar a luta pelos objectivos que foram definidos», designadamente:
– O subsídio de refeição pago no recibo de vencimento e depositado na conta bancária;
– Admissão para o quadro dos CTT dos trabalhadores suficientes para normalizar as escalas e os horários de trabalho;
– A contratação de trabalhadores para substituições no período de férias;
– Condições de trabalho que respeitem as normas de limpeza, espaço, ergonomia e materiais de trabalho, de modo a que sejam cumpridas as normas legais e da DGS.
Para «encontrar formas de alcançar estes objectivos», os sindicatos informam que vão realizar reuniões com os trabalhadores.
Outro motivo de luta prende-se com a actualização salarial. As várias propostas sindicais foram oportunamente entregues à administração, mas esta não respondeu durante três meses. «Só após terem sido pressionados é que marcaram uma reunião, para o dia 24 de Junho, sem no entanto terem apresentado uma contraproposta», referem os sindicatos, que, contudo, vão «aguardar pelo resultado dessa reunião, na expectativa de que se possa iniciar um processo negocial».