«Aí vem lobo!»
A pretexto da epidemia que grassa pelo mundo, desenvolve-se contra a China uma torrente de insultos, ataques e calúnias com evidente (e despudorada) expressão em diversos órgãos da comunicação social em Portugal.
Foi o que se viu ainda anteontem, quando o Público, num artigo assinado por António Saraiva de Lima (ASL) titulava «exército de “lobos guerreiros” não para de crescer para defender a China de todas as críticas» ou, mesmo ontem, o jornal Negócios, no seu editorial, titulava «o risco vem da China».
Indigna-se ASL porque o ministro dos negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, afiançou que a China ia «combater veementemente as calúnias maliciosas», «defender firmemente o interesse e a honra» da nação e «rebater a difamação gratuita». Por sua vez, Celso Filipe, escreve no editorial do Negócios: «a forma como a China irá sair da crise provocada pela pandemia de COVID-19 é uma das incógnitas que rodeiam a construção de uma nova ordem mundial, tanto política como económica».
Verdadeiramente, por mais «fumaça» que lancem em torno da matéria, é mesmo isto que incomoda os centros do grande capital. Como reconhecia o Comité Central do PCP a 16 de Maio, «a epidemia COVID-19 tornou mais visíveis as grandes desigualdades e injustiças à escala mundial, as consequências da privatização, do desmantelamento ou ausência de serviços públicos de saúde em numerosos países capitalistas, contrárias à resposta sanitária e critérios de valoração da vida humana, em função do seu valor intrínseco».
O que os incomoda é que a situação que estamos a viver exponha de forma brutal a real natureza do capitalismo e o seu carácter profundamente desumano. O que os incomoda mesmo a sério são as tendências positivas que se têm vindo a manifestar no complexo processo de arrumação de forças no plano internacional e onde a China tem vindo a ter um papel destacado.
E quando gritam «cuidado, que aí vem lobo!» o que os incomoda é mesmo a luta dos trabalhadores e dos povos por uma nova ordem mundial: de progresso social, de cooperação e de paz.