Com confiança: avançar, reforçar e intervir

Rui Fernandes (Membro da Comissão Política)

Numa situação internacional caracterizada por grandes incertezas, instabilidade e ameaças à paz, o capital monopolista prossegue a ofensiva contra os direitos dos trabalhadores e dos povos.

O medo e o alarmismo favorecem a intensificação da exploração

Usando os problemas de saúde e criando um clima de medo e alarmismo, tudo faz para aprofundar a exploração, concentrar e centralizar a riqueza e agravar as desigualdades sociais. Ao mesmo tempo a que se assiste à escandalosa acumulação da riqueza de uns quantos e ao empobrecimento de muitos, assistimos a operações ideológicas assentes numas aparentes auto-críticas quanto a um capitalismo enlouquecido pela gula, ao mesmo tempo que se intensifica a campanha anticomunista, para a qual tudo serve.

É neste sucinto enquadramento que a acção do Partido se desenvolve e vai prosseguir, reforçando o contacto e a intervenção junto dos trabalhadores, com acções junto de outras camadas antimonopolistas, dinamizando a preparação do XXI Congresso, intensificando a preparação de todos os aspectos que se relacionam com a Festa do Avante!, com particular atenção na venda antecipada da EP. É ainda neste quadro que importa dinamizar a campanha nacional de fundos O Futuro Tem Partido, inserida nas comemorações do centenário do Partido.

E assim é porque este Partido tem uma natureza e objectivos diferentes dos demais. Portador de uma história e de um percurso ímpares ao serviço dos trabalhadores, do povo e da pátria, não desiste hoje, como nunca desistiu ao longo da sua história, de desenvolver a luta e não permite que a condicionem com a chantagem e a estigmatização ou que analisemos a situação e tudo o que rodeia os nossos posicionamentos e intervenção a partir da grelha de outros.

As profundas alterações que as medidas de prevenção do surto epidémico introduziram no quotidiano de milhões de portugueses levaram a que se procurasse impor novos patamares de ataque aos direitos dos trabalhadores, de delapidação de recursos públicos a partir dos grupos económicos, de novas limitações aos direitos e liberdades democráticas, de alterações perversas em hábitos e comportamentos sociais, de aproximação a práticas e concepções fascizantes que, aliás, foram promovidas e branqueadas neste período.

Por outro lado, perante a perspectiva de uma recessão económica profunda, a ameaça de encerramento de milhares de micro, pequenas e médias empresas, o desemprego a disparar, a perda de salário por parte de centenas de milhares de trabalhadores, exige-se medidas e opções enérgicas, de curto e longo alcance, que não estejam condicionadas, nem pelas restrições do défice, nem pelos interesses dos grupos económicos. Neste contexto, a União Europeia expõe a cada nova exigência com que é confrontada a sua natureza de classe, pautando a sua postura pela ausência de soluções adequadas à dimensão dos problemas, prevalecendo, como sempre, a imposição das determinações das principais potências e os interesses dos grandes grupos económicos e financeiros, em vez da resposta e cooperação que se exigiria.

De olhos postos no futuro

É com os olhos postos no futuro que o Partido prossegue a sua acção, lutando no presente por uma alternativa política, patriótica e de esquerda, por uma democracia avançada inspirada nos valores de Abril e tendo no horizonte o socialismo e o comunismo, objectivos que se colocam no futuro de Portugal. O Partido, pela sua história, pela sua acção, pelo seu ideal e projecto, comprova-se, como a vida está mais uma vez a demonstrar, como Partido necessário, indispensável e insubstituível.

O reforço do PCP é essencial para os trabalhadores, o povo e a pátria portuguesa, para o desenvolvimento, a paz, a cooperação, a causa internacional da emancipação dos trabalhadores e dos povos tendo no horizonte o socialismo e o comunismo.




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