Nada justifica que a factura recaia novamente sobre os trabalhadores

SETÚBAL «O mo­mento não pode servir para o agra­va­mento da ex­plo­ração e o ataque aos di­reitos dos tra­ba­lha­dores», afirma a cé­lula do PCP no Parque In­dus­trial da Au­to­eu­ropa, que rei­tera que aqueles podem sempre contar com o seu Par­tido.

«É hora de afirmar que os di­reitos não estão de qua­ren­tena»

Num co­mu­ni­cado di­vul­gado no sá­bado, 4, os co­mu­nistas que la­boram em em­presas do com­plexo fa­bril si­tuado em Pal­mela, de­nun­ciam «a in­tenção de di­versas di­rec­ções de em­presas do Parque», as quais, «a pro­pó­sito do surto epi­dé­mico de COVID-19, tudo fazem para que a fac­tura re­caia sobre os tra­ba­lha­dores».

Ao de­talhe, a cé­lula do Par­tido acusa a SMP, cujos lu­cros ron­daram os 7,5 mi­lhões de euros no ano pas­sado, de pres­si­onar os tra­ba­lha­dores a irem de fé­rias, num quadro em que há um acordo de fle­xi­bi­li­dade para pa­ra­gens não pro­gra­madas, cuja apli­cação se jus­ti­fi­caria»; a Inapal Plás­ticos de, uma vez mais, re­correr ao lay-off, isto além de só por in­ter­venção do sin­di­cato ter sido obri­gada a aplicar me­didas de pro­tecção dos tra­ba­lha­dores, mi­ti­gando a falta de más­caras, de­sin­fec­tantes e o re­forço de lim­peza dos es­paços co­muns que ini­ci­al­mente se ve­ri­ficou; e a Fau­récia de também en­viar 178 tra­ba­lha­dores para lay-off, isto apesar de o grupo ter tido «vendas su­pe­ri­ores a 17,8 mil mi­lhões de euros no úl­timo ano, facto que di­fi­culta ainda mais a com­pre­ensão da apli­cação desta me­dida que fará com que estes tra­ba­lha­dores percam ren­di­mentos».

Já na DSV, pros­segue a or­ga­ni­zação co­mu­nista no Parque In­dus­trial da Au­to­eu­ropa, com a pro­dução pa­rada, «a di­recção da em­presa quer que os down­days sejam di­vi­didos, trans­fe­rindo para os tra­ba­lha­dores me­tade dos custos da pa­ragem, me­dida que in­corre cla­ra­mente num enorme atro­pelo aos di­reitos destes e, so­bre­tudo, ig­nora os lu­cros su­ces­sivos que a em­presa tem tido.

«Na KWD a di­recção da em­presa pres­si­onou os re­pre­sen­tantes dos tra­ba­lha­dores a aceitar que uma parte do au­mento sa­la­rial fosse con­ver­tido em down­days, chan­ta­ge­ando assim os tra­ba­lha­dores para que a em­presa não re­cor­resse ao lay-off numa pri­meira fase», ao passo que «na SAS, a em­presa com a jus­ti­fi­cação de não re­correr ao lay-off, está a con­tactar os tra­ba­lha­dores in­di­vi­du­al­mente para que aceitem a apli­cação de 7 dias de fé­rias».

Sem ver­gonha

No co­mu­ni­cado, a cé­lula co­mu­nista de­nuncia, ainda, «a pos­tura de em­presas de tra­balho tem­po­rário como a Au­to­vi­sion, a Eu­ro­firms, a Adecco, a Kelly, a Randstad ou a Global Temp, que estão a en­viar cartas a tra­ba­lha­dores para in­formar que vão res­cindir con­tratos». Estes «des­pe­di­mentos ile­gais» to­ta­lizam já mais de 650 tra­ba­lha­dores», re­ve­lando não apenas «a na­tu­reza» e «os ob­jec­tivos de ex­plo­ração» destas em­presas, mas, igual­mente, «a con­sequência da pre­ca­ri­e­dade la­boral na vida dos tra­ba­lha­dores:

«O ca­minho não deve ser o des­pe­di­mento de tra­ba­lha­dores, mas sim a in­te­gração destes, com vín­culos efec­tivos, nas em­presas onde de­sen­volvem a sua ac­ti­vi­dade pro­fis­si­onal», su­blinha-se no texto, antes de se in­sistir em re­pu­diar «a pos­tura da es­ma­ga­dora mai­oria das em­presas do Parque, casos da Rangel (600 tra­ba­lha­dores), Vanpro (333), Is­po­reco (200), Ac­ciona (80), Pal­metal (34), An­to­lini (20), ID Lo­gi­ters (20), entre ou­tras, que ob­ti­veram lu­cros fa­bu­losos e que agora à custa dos tra­ba­lha­dores e da Se­gu­rança So­cial têm em vista re­correr ao lay-off.

Ora, lembra a or­ga­ni­zação do PCP, «esta me­dida des­tina-se apenas a em­presas em risco de in­sol­vência, o que não é o caso».

Por isso, «é hora de afirmar que os di­reitos não estão de qua­ren­tena», alerta a cé­lula do Par­tido, que rei­tera: «os tra­ba­lha­dores do Parque In­dus­trial da Au­to­eu­ropa podem contar com o PCP na de­fesa dos seus di­reitos e sa­lá­rios».

 

Nem um di­reito a menos

Já no dia 11, o exe­cu­tivo da Di­recção da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal de Se­túbal (DORS) do PCP di­vulgou um co­mu­ni­cado em que con­si­dera que, «em con­traste com o res­peito e com­pre­ensão que os tra­ba­lha­dores e as po­pu­la­ções têm tido pelas ori­en­ta­ções e me­didas que as au­to­ri­dades de saúde», ve­ri­fica-se o apro­vei­ta­mento da epi­demia por parte de muitas em­presas «para através do re­curso ao lay-off, atacar di­reitos, postos de tra­balho e sa­lá­rios de muitos mi­lhares de tra­ba­lha­dores, ga­rantir as suas re­ceitas e lu­cros à custa do es­bulho da Se­gu­rança So­cial e dos re­cursos pú­blicos».

Além de voltar a su­bli­nhar os já re­fe­ridos casos no Parque In­dus­trial da Au­to­eu­ropa e de en­fa­tizar e no­mear vá­rias si­tu­a­ções em que o pa­tro­nato sus­pende os con­tratos de tra­balho dos efec­tivos de­pois de pro­ceder à res­cisão dos tra­ba­lha­dores com vín­culos pre­cá­rios, a DORS dá ainda como exem­plos da ofen­siva anti-la­boral em curso a re­a­li­dade em de­zenas de mul­ti­na­ci­o­nais dos sec­tores eléc­trico e do co­mércio, bem como em em­presas de trans­porte ro­do­viário e de pas­sa­geiros, re­a­fir­mando, por fim, que tra­ba­lha­dores e po­pu­la­ções podem contar com o PCP para «exigir a in­ter­venção e fis­ca­li­zação destas si­tu­a­ções pela ACT e Se­gu­rança so­cial, com­bater a epi­demia, de­fender di­reitos, postos de tra­balho, sa­lá­rios e ren­di­mentos».

 



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