Mudar o Mundo
O Secretário-geral-adjunto do PS, J. L. Carneiro, fez publicar há dias no J. Notícias o texto «Uma crise que mudará o Mundo», que navega entre o «País cor de rosa» do baú de trastes do PS e o optimismo simplório do Cândido de Voltaire,«tudo vai pelo melhor no melhor dos mundos possíveis». Cito: as «… instituições nacionais ... e mundiais não deixarão de ... cooperar; … muitas medidas já foram adoptadas e outras estão a caminho … para proteger as empresas e o emprego, para dar segurança e futuro às famílias, ... a UE está … no caminho certo».
Carneiro surge como um «pior que cego», daqueles que não querem ver que de facto não estamos «todos juntos», nem a «cooperar»: que agentes dos EUA roubam material médico a «aliados»; que Trump procura o monopólio EUA de futuras vacinas (com lucros brutais); que R. Burr, Presidente do Comité de Serviços de Informações do Senado EUA, está sob investigação por vender acções da bolsa pouco antes da crise; e que o embaixador EUA em Portugal, G. Glass, e seus agentes, é à RPChina que acusam de «quebra de colaboração internacional» e «desinformação».
Carneiro não quer ver que os gigantes da tecnologia - Microsoft, Facebook, Google -, ganham milhões com a crise, que se abate sobre os trabalhadores negros nos EUA e vai criar mais de 500 milhões de novos pobres no mundo; que, nas decisões da UE não há ponta de solidariedade, mas sim respaldo às grandes potências e ao poder financeiro; que, em Portugal, os banqueiros estão contra a «chantagem moral» e reafirmam as suas «prioridades»; e que os trabalhadores despedidos, com salários e direitos roubados, os micro e pequenos empresários falidos ou quase (e seus dependentes), vão já a caminho de dois milhões.
Por isso, a luta é agora. Por um Mundo novo a sério!