A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou na passada 6.ª feira estar convencida que «a Europa sairá mais forte desta crise».

Respondia assim às interrogações e dúvidas daqueles que criticam a falta de cooperação da União Europeia expressa na impressionante falta de solidariedade entre os seus membros, em particular, dos que mais têm beneficiado com a integração capitalista europeia.

Citando Jean Monnet – «a Europa reforça-se nas crises» - os arautos das grandes virtudes da UE procuram retirar da presente crise a ideia de que, se houver cooperação entre os estados-membros, a saída será possível, inevitável e elemento de reforço da União.

Ora o que se vê nesta crise é exactamente o contrário, ou seja, o salve-se quem puder: decisões individuais, encerramento de fronteiras internas, interdição da exportação de material médico, para só referir alguns aspectos da desunião que reina.

E o mais curioso é que a ausência de respostas do Conselho Europeu aos problemas resultantes do surto COVID-19 contrasta com a agilidade das medidas de assistência ao capital financeiro, como as que foram de imediato desencadeadas pelo BCE.

Por isso, quando Ursula von der Leyen diz que «a Europa sairá mais forte desta crise», o que quer dizer é que o capital monopolista quer sair mais forte desta crise.

No fundo, exactamente o que Jean Monet quis dizer com a sua emblemática expressão, ou seja, que das crises da União Europeia (no seu tempo, Comunidade Europeia do Carvão e do Aço), quem sai sempre fortalecido é a Europa dos monopólios, não a Europa dos trabalhadores e dos povos.

Esses, tudo o que conseguiram foi graças à luta incessante que travaram. Que travaram e continuam a travar, por uma Europa de estados soberanos e iguais em direitos. De cooperação, progresso social e de paz.

E é por isso que se pode afirmar com confiança que, apesar dos perigos, pela luta organizada, um mundo novo não só é necessário e possível, mas é mesmo o único capaz de garantir à humanidade o seu futuro.