Um Partido necessário, indispensável e insubstituível

Rui Braga (Membro do Secretariado do PCP)

O surto epidémico, comummente conhecido por COVID-19, que se abateu sobre o mundo e os povos, coloca novos e acrescidos desafios à humanidade.

A presente situação reforça a justeza e actualidade do projecto comunista

Se dúvidas houvesse quanto à natureza exploradora, opressora agressiva e predadora do sistema capitalista, os mais recentes actos da maior e mais poderosa potência imperialista – proibindo empresas norte-americanas de vender a outros países material médico, tão necessário para o combate ao vírus ou desviando 200 mil máscaras no aeroporto de Bangkok, na Tailândia, que se destinavam às forças policiais de Berlim – demonstram, com extrema clareza que solidariedade é palavra que não consta do léxico capitalista.

Aos casos referidos outros se somam, inclusive no nosso País, onde a pretexto do Estado de Emergência se cometem autênticos atropelos aos direitos e rendimentos dos trabalhadores. Cínica e hipocritamente, ao mesmo tempo que se enaltece o trabalho e o papel de um conjunto de trabalhadores – com os profissionais do Serviço Nacional de Saúde à cabeça – elevando-os à categoria de heróis, o patronato, clamando por mais Estado, lança para o desemprego milhares de trabalhadores, utilizando sem escrúpulos todas as ferramentas ao seu dispor.

A História ensina-nos que, dada a sua natureza, o capital não deixará passar a oportunidade para aumentar a exploração sobre os povos e retirar os respectivos dividendos de sobre e a necessidade da luta por uma sociedade liberta da exploração do homem pelo homem. Mais do que eurobonds, coronabonds ou até de uma pretensa solidariedade da União Europeia, que está mais que demonstrado,- e na presente situação os exemplos de Espanha e de Itália, que esperam e desesperam, assim o confirmam - não chegará, o que Portugal, os trabalhadores e o povo verdadeiramente necessitam é de uma política alternativa, patriótica e de esquerda.

Uma política alternativa, patriótica e de esquerda que coloca como objectivos essenciais, entre outros, a valorização do trabalho e dos trabalhadores, a defesa e promoção da produção nacional e dos sectores produtivos e a defesa dos serviços públicos e das funções sociais de Estado que assegurem designadamente o direito à educação, à saúde e à protecção social.

A presente situação demonstra bem a importância que assume a luta em defesa dos serviços públicos, e no caso em concreto do Serviço Nacional de Saúde. Aliás, não podemos deixar passar em claro que a resposta que o Serviço Nacional de Saúde está a dar no combate ao vírus, está desde logo condicionada por décadas de política de direita, executada por PS, PSD e CDS, e que tendo como principais beneficiários os grandes grupos económicos que operam na área da saúde, procuram converter um direito constitucional – o direito à saúde – num negócio.

Tempos extraordinários necessitam de um Partido extraordinário

No XX Congresso, o Secretário-geral do nosso Partido, o camarada Jerónimo de Sousa afirmava na sua intervenção de abertura «… Somos um partido que está preparado e se prepara para cumprir os objectivos sejam quais forem as condições em que tenha que actuar.»

Na situação actual tal afirmação ganha particular significado. Neste tempo complexo, de grandes incertezas,os trabalhadores, o povo e o País necessitam de um Partido preparado para cumprir os seus objectivos. Um Partido como o PCP que, adaptando-se ao tempo presente, saberá honrar a sua história, independentemente das condições em que tenha que actuar.

 



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