O Covid 19 e os herdeiros de Malthus
No plano ideológico e político, persistem aqui e agora, relativamente à epidemia de Covid 19, teses que são herdeiras das que, já no Século XVIII, expressavam os interesses mais retrógrados das classes dominantes. Malthus, economista e clérigo anglicano, deu corpo em 1798 à tese de que um mundo «inevitavelmente» famélico impunha não a urgência da superação do modo de produção capitalista, das suas limitações (ao desenvolvimento das forças produtivas), e insanáveis conflitos e injustiças, mas sim o «imperativo» de fazer desaparecer a «população excedentária» de pobres e proletários. Segundo Malthus, peste, fome e guerra eram factores (pouco menos que desejáveis) de contenção da explosão demográfica.
Para Marx a teoria malthusiana era a «favorita da burguesia inglesa» e a «justificativa mais cómoda da sociedade burguesa».
Depois de Malthus, nos EUA e na Alemanha de Hitler, medraram as teses sobre o «décimo de população socialmente incapaz», ou sobre a «pobreza por razões biológicas», que engordaram o racismo e o nazi-fascismo e armaram o extermínio das «raças inferiores».
Hoje, são os herdeiros de Malthus, seguidores das posições mais reaccionárias e terroristas dos mega-interesses financeiros, os Trumps e Bolsonaros, que desvalorizam (e faciltam) a expansão da «gripesinha», para que desapareçam «excedentários», «inferiores», pobres e «velhos», para que avance a «imunidade» da «sociedade burguesa», concretizada por esta «oportunidade» descomunal de negócio das multinacionais do medicamento, numa nova fase de brutal concentração e centralização capitalista, contra os trabalhadores e os povos, em proveito dos mesmos interesses que, em Outubro de 2019, «profetizaram»(!?) a epidemia.
Impõe-se por isso esclarecer e lutar.