Jerónimo de Sousa no debate quinzenal com o primeiro-ministro

“Apeadeiro” no Montijo não serve o País

A questão do aeroporto de Lisboa esteve também em foco no debate quinzenal, com Jerónimo de Sousa a criticar vivamente o modo como o processo tem sido conduzido pelo Governo, a quem acusou de ceder aos interesses da multinacional Vinci.

Em causa está a opção governamental pela construção de um «apeadeiro no Montijo», em vez de «avançar com a construção faseada de um novo aeroporto internacional nos terrenos do Campo de Tiro de Alcochete», esta sim a solução que verdadeiramente serve o «desenvolvimento do País».

Depois de denunciar as manobras de chantagem de responsáveis do PS e do Governo sobre aqueles que se opõem à solução Portela mais Montijo – com recurso à tese de má memória das «forças de bloqueio», que atrapalham o «progresso e o desenvolvimento» -, Jerónimo de Sousa demonstrou que quem não defende o interesse nacional foi quem - contrariando o consenso e a decisão tomada em «todas as instâncias nacionais» quanto à construção do Novo Aeroporto de Lisboa (NAL) em Alcochete, por ser a melhor localização - resolveu alterar o que estava decidido e proceder a uma mudança de projecto.

«Não é verdade que esse consenso foi rompido com a privatização da ANA, quando os novos donos decidiram que era melhor para eles, para os seus lucros, para a sua estratégia, alargar o Aeroporto da Portela e fazer de Lisboa a única capital europeia com um Aeroporto Internacional a crescer dentro dela?», questionou Jerónimo de Sousa, dirigindo-se ao primeiro-ministro.

Falsidades

Rejeitado por si foi, por outro lado, o argumento da falta de recursos para construir o NAL. «Nada mais falso», sublinhou, recordando que é com as receitas da ANA que a multinacional francesa vai pagar as obras de alargamento da Portela, as obras do Montijo, como já havia pago as obras de modernização de Pedras Rubras, as da Madeira, dos Açores e do Terminal 2.

«É que, só de lucros, em 2018 foram 268 milhões de euros que ainda irão crescer seja qual for o alargamento da capacidade aeroportuária», anotou o líder comunista, assinalando que se é verdade que foi o «governo PSD/CDS que ofereceu a ANA às multinacionais», não o é menos o facto de o Executivo PS não ter querido e continuar a não querer «reverter essa privatização», mantendo-se por isso «refém da multinacional».

Numa clara esquiva às questões concretas levantadas pelo líder comunista, António Costa optou por se acoitar no longo historial que leva o processo de decisão do aeroporto – que há 60 anos que se discute a sua localização, que foram feitos 17 estudos e por aí fora… -, e ignorou pura e simplesmente o facto de ter havido em dado momento um generalizado consenso em torno do NAL no Campo de Tiro de Alcochete.

Invocado foi ainda o argumento de que «nos grandes investimentos públicos» deve haver «o maior consenso possível» e que um «governo quando chega não deve pôr em causa a decisão» do seu antecessor, manifestando-se por isso indisponível para «reabrir o debate» sobre a localização.

«Houve um tempo para discutir a localização e agora há um tempo para discutir a construção», disse o chefe do Governo, esclarecendo, todavia, que o Governo acatará a decisão técnica que vier a ser assumida pela Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC). Isto é, a solução aeroporto no Montijo «também não terá continuidade se vier a ser chumbada em termos de segurança», afirmou.



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