Aerofalácias

Manuel Gouveia

A argumentação do Governo sobre o futuro do Aeroporto de Lisboa tem assentado em três falsidades que, apesar de profusamente repetidas, não deixam de ser aquilo que são: habilidosas aldrabices.

Primeira falácia: Havia que encontrar uma solução para o esgotamento da Portela, a solução mais fácil e mais barata era a solução Portela+Montijo e agora está-se a atrasar a resolução de um problema urgente com o questionamento do projecto. Mas a verdade é que o que o País já tinha decidido era da necessidade de construir um novo Aeroporto de Lisboa, nos terrenos do Campo de Tiro de Alcochete, e foi a multinacional Vinci quem considerou que tal não era a melhor solução para os seus interesses e impôs a alteração do já decidido nacionalmente, e foi o PS e o seu Governo quem preferiu submeter-se à Vinci aceitando alterar o projecto em vez de defender o interesse nacional.

Segunda falácia: O País não tem dinheiro para construir o Novo Aeroporto. Mas a verdade é que todo o dinheiro que vai ou iria ser gasto tem origem nas receitas da ANA. Ora foram PS/PSD/CDS que decidiram entregar a ANA a uma multinacional, medida profundamente errada mas reversível. É com os lucros da ANA (268 milhões em 2018) que a multinacional está a pagar o alargamento da Portela e quer pagar as obras no Montijo. E esses lucros vão crescer ainda mais com o alargamento.

Terceira falácia: A discussão é entre Montijo ou Alcochete, ou Alverca, ou Beja, ou etc. Mas a verdade é que o que a multinacional conseguiu impor foi, em primeiro lugar, que o Aeroporto da Portela seja alargado em vez de substituído de forma faseada, e que Lisboa seja a única capital europeia com um Aeroporto Internacional a crescer dentro dela.

Mentiras que tentam distrair do verdadeiro combate em curso: entre o interesse da multinacional e o interesse nacional.

 



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