Greve na distribuição comercial para pôr patrões a negociar
EXPLORAÇÃO O sector gera milhões de euros de lucros, mas as negociações salariais arrastam-se há mais de três anos e as empresas propõem 635 euros para mais de 80 por cento dos trabalhadores.
Só com unidade e luta será possível alcançar condições melhores
Depois de diversas acções realizadas ao nível de empresa e local de trabalho, e de uma «quinzena de luta» em Fevereiro do ano passado, a associação patronal APED e as empresas que a dominam (Sonae, Pingo Doce e Auchan) não alteraram as posições que mantêm desde Setembro de 2016 nas negociações da contratação colectiva para o sector composto por super e hipermercados e cadeias de lojas especializadas.
Um plenário nacional de dirigentes e delegados sindicais do CESP (Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal), no final de Novembro, voltou a apelar aos representantes patronais, para que apresentassem na reunião (fase de conciliação) de 9 de Dezembro uma proposta «que rompa efectivamente com o actual modelo de salários de miséria».
Na sede da APED, para onde o plenário se deslocou, foi então entregue um aviso: caso assim não sucedesse, os trabalhadores iriam intensificar a luta.
O pré-aviso de greve para 31 de Janeiro foi formalizado pelo CESP no dia 6 deste mês e foi preparado com o prosseguimento de plenários e protestos com expressão pública, incluindo distribuição de folhetos a clientes, sobre a situação laboral no sector e em estabelecimentos concretos.
Ainda no sábado, dia 25, teve lugar um plenário no centro logístico do LIDL em Torres Novas. Reunidos junto à portaria, os trabalhadores confirmaram a determinação de se juntarem hoje à greve nacional, como noticiou o sindicato, assinalando que «esta decisão é mais um passo para a realização de uma forte greve, juntando-se aos trabalhadores do LIDL de outros locais de trabalho e empresas, de norte a sul do País, que em plenário também já aderiram à greve, como é o caso dos entrepostos de Ribeirão e Marateca».
Amanhã, por todo o País, os trabalhadores são chamados a mostrarem, fazendo greve, o seu apoio às exigências de aumento dos salários, valorização das carreiras e das qualificações profissionais, horários de trabalho regulados, passagem a efectivos de todos os trabalhadores em postos de trabalho permanentes.
Para actualização da tabela salarial, a APED propõe acrescentar 1,4 por cento aos valores acordados para 2016. O CESP/CGTP-IN nota que o salário mínimo nacional aumentou 105 euros (de 530 euros em 2016, para 635 em 2020) e exige que todos os trabalhadores passem a receber mais 90 euros por mês, com efeitos ao primeiro mês de 2020.
Como se refere no último folheto de mobilização para a greve, «os patrões e a APED não valorizam a carreira profissional e as aprendizagens adquiridas ao longo dos anos». Esta desvalorização das carreiras reflecte-se no facto de que «hoje, um trabalhador que entra neste sector de actividade tem um salário igual aos que já lá estão há 5, 10, 15, 20 e mais anos».