Descontentamento crescente entre os militares
Associação Nacional de Sargentos (ANS), Associação dos Oficiais das Forças Armadas (AOFA) e Associação de Praças das Forças Armadas (AP) promovem, ao final da tarde do próximo dia 6, uma reunião de militares. Em cima da mesa está o descontentamento crescente no meio castrense para com o tratamento de que têm sido alvo por parte do Governo, com tradução na proposta de Orçamento do Estado (OE) para 2020.
A iniciativa vai ocorrer depois de a ANS ter promovido um amplo programa de comemorações do Dia Nacional do Sargento, que arrancou com um jantar no Funchal, dia 25, e iniciativas semelhantes em Leiria, Beja e Porto já esta semana, e que vai terminar, dia 8, na Terceira depois de acções congéneres no Sardoal (Abrantes) e Castelo Branco, Lisboa, Cabanas de Tavira, Évora, Vendas Novas, Entroncamento, e Ponta Delgada.
«Tendo como padrão de referência o heróico e patriótico exemplo dos sargentos, que já em 31 de Janeiro de 1891 não aceitaram o ultimatum imposto a Portugal pela coroa britânica, a degradação das condições de vida dos portugueses, o tratamento discriminatório que se vivia no meio militar, a corrupção, a inoperância e a submissão dos governantes de então, e muito menos aceitaram ver uma pátria velha de séculos ser colocada de joelhos perante as exigências de potências estrangeiras que se diziam aliadas mas que, na verdade, conduziam Portugal e os portugueses à miséria, à indigência e à perda da sua soberania, temos a obrigação de olhar para o seu exemplo e ser continuadores da sua obra», apela a ANS.
Protestos
A estrutura representativa dos sargentos já tinha apelado à participação no protesto lançado por grupos de militares no dia 21, véspera da discussão na especialidade do OE para a área da Defesa. A acção simbólica à hora do almoço e com permanência nas unidades até ao arrear da bandeira, foi igualmente apoiada pela AP, que para além do descontentamento para com o OE para 2020, tinha já expressado repúdio pelo tratamento dos praças em matéria de posições remuneratórias, e contestado o prolongamento da não correcção de um erro da tutela que prejudicou fortemente 460 camaradas.
Para a AOFA, o protesto de dia 21 e outros são «sinais muito fortes do descontentamento que grassa nas fileiras», considerando os oficiais, ainda que, a persistir na «sua opção inequívoca pela afronta aos militares e pela escusa na resolução dos problemas através do diálogo e da negociação», o Governo é «o único responsável».