Fraca razão
O principal rosto da UGT deu a conhecer que se não recandidata a novo mandato. Ao que se percebe, tomando por certo o que veio a público, Carlos Silva não se conforma com a falta de apoio que diz ter sentido. Fraco argumento este. Por razão idêntica, ganhassem os trabalhadores consciência do papel dessa estrutura, e razão bem maior teriam para dela se dissociarem, patenteado na prática que tem sido a falta de apoio da UGT aos trabalhadores que diz representar. Bem vistas as coisas sempre se poderia dizer que da noticia não vem grande mal ao mundo. Ainda que também não se justifiquem entusiasmos desmedidos porque seja com o actual líder, ou quem lhe venha a suceder, o que dali se esperará é, tão só, mais do mesmo.
Não é defeito é feitio. A UGT é o que é desde que nasceu, quer na fase experimental por via da versão proveta que ficou conhecida como «Carta Aberta», seja na versão actual em que se lhe acrescentou na designação «trabalhadores» para, pelo menos no domínio da aparência designativa, melhor tentar fazer aquilo para a qual foi concebida. Não se invocará aqui o termo mais popular do que nascendo torto tarde ou nunca se endireita, pela simples razão de que em termos de posicionamento se há coisa de que a organização não pode ser acusada é de défice de pendor de direita. Talvez por antecipado impulso testamental, Carlos Silva dá conta ao Expresso, entre lamuriosas considerações, do inconformismo que diz sentir pelos baixos salários e a pobreza. Pena que o percurso da organização a que dá rosto se caracterize por trazer para baixo a luta por direitos e se notabilize por dar a mão ao grande patronato para lhe preencher as ambições de assegurar mecanismos e instrumentos para manter níveis de exploração e de desigual distribuição da riqueza, sempre norteado por aquele pendor divisionista que constitui a rezão maior da vida e existência da UGT.