Travados despedimentos nos CTT e na Super Bock

UNI­DADE A res­posta dos tra­ba­lha­dores, in­cluindo a so­li­da­ri­e­dade com aqueles que as em­presas que­riam des­pedir, foi fun­da­mental para as obrigar a re­cuar, pre­ser­vando os postos de tra­balho.

A luta e a so­li­da­ri­e­dade foram de­ter­mi­nantes nos dois casos

Na se­gunda-feira, o car­teiro Neto Cunha, des­pe­dido pelos CTT, re­tomou o seu posto de tra­balho, em Er­me­sinde (Va­longo). An­te­ontem, o Sintab re­velou que 24 tra­ba­lha­dores de uma «pres­ta­dora de ser­viços» não são des­pe­didos e vão ser in­te­grados no efec­tivo da Super Bock, em Leça do Balio (Ma­to­si­nhos).

Mo­bi­li­zação

O Sin­di­cato Na­ci­onal dos Cor­reios e Te­le­co­mu­ni­ca­ções anun­ciou, no dia 9, a sus­pensão da greve que tinha con­vo­cado para dia 13, uma vez que os CTT, «pe­rante a mo­bi­li­zação nos lo­cais de tra­balho, foram for­çados a al­terar» a sua po­sição e co­mu­ni­caram ao tra­ba­lhador que se de­veria apre­sentar na se­gunda-feira no Centro de Dis­tri­buição Postal de Er­me­sinde.
Além do re­gresso ao posto de tra­balho, a em­presa in­formou que «serão pro­ces­sados e apli­cados todos os cré­ditos sa­la­riais» e «está as­su­mida a sua an­ti­gui­dade e ac­ti­vados os be­ne­fí­cios com­ple­men­tares a que vinha tendo di­reito».
A di­recção do sin­di­cato da Fec­trans/​CGTP-IN sa­li­entou que não re­tira «nem uma vír­gula àquilo que tem vindo a es­crever sobre este pro­cesso e a sua ile­ga­li­dade e de­su­ma­ni­dade», nem deixa de «con­denar os CTT pela fla­grante ten­ta­tiva de se verem li­vres de tra­ba­lha­dores da em­presa, para po­derem con­ti­nuar a pagar di­vi­dendos aos ac­ci­o­nistas».
Este «pro­cesso de des­pe­di­mento ar­bi­trário» foi «de uma fla­grante e ig­no­mi­niosa ile­gi­ti­mi­dade e imo­ra­li­dade», lem­brando o SNTCT que a em­presa man­teve o tra­ba­lhador sem sa­lário desde Agosto de 2019 e re­cusou-se a cum­prir uma de­li­be­ração do Tri­bunal de Va­longo, que con­si­derou ilí­cito o des­pe­di­mento e con­denou os CTT a rein­te­grar o car­teiro.
Ao sus­pender a greve, de âm­bito na­ci­onal (que fora an­te­ce­dida de uma pa­ra­li­sação re­gi­onal a 20 de De­zembro), o sin­di­cato ga­rantiu que «vol­tará à luta logo que a em­presa volte à carga», com este ou com qual­quer outro tra­ba­lhador.

Acção so­li­dária

O des­pe­di­mento de 36 tra­ba­lha­dores das li­nhas de en­chi­mento da Super Bock, de­sen­ca­deado com a al­te­ração da em­presa con­tra­tada em re­gime de pres­tação de ser­viços, foi de­nun­ciado pelo Sin­di­cato das In­dús­trias de Ali­men­tação e Be­bidas (Sintab), a 27 de De­zembro. Os tra­ba­lha­dores da A. Gai­teiro foram mesmo sur­pre­en­didos com a ocu­pação dos seus postos de tra­balho por ou­tros, con­tra­tados pela Con­ductor, que subs­titui aquela «pres­ta­dora de ser­viços».
A 3 de Ja­neiro, re­velou o sin­di­cato da Fe­saht/​CGTP-IN, foi ob­tido acordo, em sede de me­di­ação de con­flitos (com in­ter­venção da DGERT, do Mi­nis­tério do Tra­balho), ga­ran­tindo a in­te­gração no quadro da Super Bock de 24 tra­ba­lha­dores, até aqui con­tra­tados com vín­culos pre­cá­rios por via da em­presa A. Gai­teiro. A in­te­gração abrange, de ime­diato, oito tra­ba­lha­dores. Os 16 res­tantes ficam agora vin­cu­lados à Con­ductor, man­tendo os sa­lá­rios e di­reitos, e passam à Super Bock no pri­meiro tri­mestre de 2021.
Esta «vi­tória dos tra­ba­lha­dores» cul­mina «um pro­cesso par­ti­cu­lar­mente duro, para cuja re­so­lução con­tri­buiu de forma de­ci­siva» a «acção so­li­dária» do pes­soal da Super Bock, «na de­fesa dos postos de tra­balho da­queles com quem, du­rante tantos anos, par­ti­lharam tempo, es­paço e ca­ma­ra­dagem, sa­li­entou o Sintab, co­men­tando que «a so­li­da­ri­e­dade e o sen­tido de classe não de­pendem da cor das fardas de tra­balho nem de pre­sun­ções de es­ta­tuto so­cial».
De­vido a di­mi­nuição das li­nhas de en­chi­mento e pro­dução, 12 tra­ba­lha­dores fi­caram sem posto de tra­balho, ex­plicou à agência Lusa, no dia 8, um di­ri­gente do sin­di­cato.

 



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