Confiança, determinação e luta

Rui Fernandes (Membro da Comissão Política)

No início deste novo ano, importa sublinhar que muito do que foi conquistado não o teria sido pela mão do PS sozinho. Os trabalhadores e o povo sabem bem qual foi, ao longo de mais de quatro décadas, a política praticada pelos governos PS, sozinho ou com PSD e CDS.

O reforço do Partido é essencial para a concretização dos seus objectivos

O que sobressai com cada vez maior nitidez é que para se alcançar um futuro de progresso, justiça social e desenvolvimento soberano é necessária a política patriótica e de esquerda e a alternativa política capaz de a assegurar. Tais objectivos são inseparáveis do reforço do Partido, articulado com a luta dos trabalhadores e a convergência de democratas e patriotas.

Com reforçado empenho, impõe-se a mobilização de todo o colectivo partidário para responder às múltiplas exigências, incluindo as campanhas sem escrúpulos de mentira e de denegrimento, no quadro de uma ofensiva ideológica que visa os que consequentemente se opõem aos objectivos do grande capital – o PCP. As últimas semanas e as resmas de comentários em torno do OE, repetindo sofismas e mistificações, procurando influenciar o Partido de fora para dentro, são mais uns entre tantos outros exemplos.

Isto ao mesmo tempo que se vai assistindo à promoção, por várias vias, do populismo e de concepções reaccionárias. Ora, é na resposta aos problemas que afligem os reformados, os jovens, os trabalhadores, que melhor se pode travar tais desenvolvimentos. É com respostas aos problemas, a olhar para a frente e não com políticas do passado, que melhor se defende o regime democrático.

Determinação e luta

Ao contrário do que o PS afirma, submetidos às imposições da União Europeia não é possível dar resposta plena aos problemas estruturais, às necessidades de investimento que revigore o aparelho produtivo, ao financiamento que capacite os serviços públicos e permita a resposta a gritantes problemas sociais que o desenvolvimento do País requer. Não! Não é de esquerda quem põe à frente da resposta aos problemas dos trabalhadores e do povo o objectivo de obter um excedente orçamental.

As mensagens de Natal e de início de ano – ao quererem dar resposta à pobreza e à exclusão, mas defendendo um aumento do salário mínimo pouco audaz; ao quererem responder aos problemas da habitação, mas concordando que o excedente orçamental não sirva para investir onde é preciso; ao quererem um Poder Local mais activo, mas insistindo na denominada descentralização, rejeitando a regionalização; ao quererem Forças Armadas respeitadas, mas assinando por baixo tudo o que tem sido efectivado e que anda em sentido contrário a esse objectivo; ao quererem respostas na valorização das forças e serviços de segurança, e todo um vasto outro conjunto de matérias, mas dando como certa a política de injecção de centenas de milhões na banca – foram mensagens de circulatura do quadrado.

Para o PCP, o OE tem de responder às aspirações dos trabalhadores e do povo e aos problemas nacionais, em vez de estar submetido às imposições da UE e do euro e aos interesses do grande capital. É com este objectivo que continuaremos a nossa acção e intervenção, não desprezando intervir para que novos avanços possam ser conquistados.

Com reforçado empenho

Exigências que se compaginam e têm de se compaginar com o reforço da organização do Partido, ou seja, uma organização mais forte para de forma mais eficaz intervir.

Grandes são as tarefas que temos pela frente e grande a determinação de as levar de vencidas, neste ano em que o Partido comemora o seu 99.º aniversário e em que terá lugar o início das comemorações do centenário.

É no aumento da capacidade de organização do Partido, na inserção de novos camaradas na actividade partidária, na ligação das organizações aos trabalhadores e ao povo que se encontra a mais firme e consequente garantia de uma acção e intervenção com eficácia reforçada, de uma melhor projecção das nossas posições e propostas. Vamos à luta!




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