Chile evoca com protestos Dia Mundial dos Direitos Humanos

No meio de protestos pela brutalidade da repressão das forças policiais contra o movimento social e o próprio presidente Sebastián Piñera enfrentando uma acusação constitucional por essa razão, o Chile evocou na terça-feira, 10, o Dia Mundial dos Direitos Humanos.

O país sul-americano, há quase dois meses palco de grandes manifestações populares e greves contra as políticas neoliberais do governo, está no centro das atenções nesta data, assinalada por entidades nacionais e internacionais defensoras dos direitos humanos, juristas, organizações de profissionais da saúde e personalidades como a guatemalteca Rigoberta Menchú, Prémio Nobel da Paz.

Numerosos relatórios têm dado conta de violações fragrantes e sistemáticas dos direitos humanos, apoiados em números como os 25 mortos pelas forças repressivas, entre os quais pelo menos cinco da responsabilidade directa de militares ou carabineros, e mais de três mil feridos, muitos deles com gravidade.

Segundo o Instituto Nacional de Direitos Humanos chileno, há registo de mais de 300 pessoas com sérias lesões oculares, devido à acção das forças policiais. Aquele organismo dá conta de mais de 700 queixas judiciais contra as autoridades desde que começaram as mobilizações populares no Chile, a 18 de Outubro, das quais 544 correspondem a torturas e maus-tratos e 108 a violência sexual. Dos milhares de detidos durante os protestos, mais de mil denunciaram a violação dos seus direitos.

O movimento social chileno rejeitou uma vez mais esta situação, com uma concentração massiva na Praça da Dignidade, em Santiago do Chile. A exigência central foi de justiça e reparação para as vítimas de tais abusos, além de medidas efectivas para que as autoridades não repitam as acções repressivas e da punição dos responsáveis.

Entretanto, no Senado, está a ser analisada uma queixa contra o ex-ministro do Interior, Andrés Chadwick, entretanto afastado do cargo, pela sua responsabilidade nas reiteradas violações na repressão dos manifestantes.

Uma queixa semelhante, na Câmara dos Comuns, foi apresentada contra o próprio presidente Piñera, por deputados de várias forças políticas, que consideram um dever ético levá-la avante, pelas muitas vítimas causadas em todo o Chile pela desmedida repressão policial.




Mais artigos de: Internacional

Evo Morales defende unidade da Bolívia

UNIDADE O Movimento para o Socialismo, na Bolívia, está a debater, em reuniões alargadas, uma estratégia unitária para as eleições presidenciais de 2020. Evo Morales foi escolhido para chefe da campanha.

O pêssego venenoso

Se a tradução resulta num exercício de traição, o melhor mesmo é admitir que não há, na língua portuguesa, um equivalente para impeachment, cuja etimologia não tem nada a ver com «pêssego» e cujo significado não «impede» nada. O processo a decorrer no Comité Judiciário da câmara baixa dos EUA não corresponde a uma...