Resistência do povo de Cuba é exemplo para América Latina

SOBERANIA Cuba declara que a sua única responsabilidade nas mobilizações populares na América Latina é a que emana do exemplo do povo cubano na defesa da soberania e a sua resistência face à hostilidade dos Estados Unidos.

Intervenção dos EUA é elemento central da instabilidade na região

O governo cubano reafirma que «à implacável ofensiva das forças mais reacionárias do hemisfério, Cuba opõe a inquebrantável resistência do seu povo». Numa declaração divulgada no dia 3 pelo Ministério das Relações Exteriores, considera que os recentes acontecimentos na região «confirmam o governo dos EUA e as oligarquias reaccionárias como os principais responsáveis da perigosa convulsão e instabilidade política e social na América Latina e Caraíbas».

Havana rejeita a acusação de Washington sobre uma suposta responsabilidade nas manifestações no continente sul-americano, a qual considera uma desculpa inverosímil para justificar e endurecer o bloqueio e a hostilidade contra o povo cubano.

Precisa que «a calúnia norte-americana» resulta inútil para «esconder o fracasso do sistema capitalista, proteger governos vacilantes e repressivos, ocultar os golpes parlamentares, judiciais, policiais, e agitar o fantasma do socialismo para amedrontar os povos».

No texto, intitulado «Nossa América face ao ataque do imperialismo e das oligarquias», Cuba afirma que o que se pretende com a acusação norte-americana é também justificar a repressão e a criminalização do protesto social.

Recorda que o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, acusou, ameaçadoramente, Cuba e Venezuela de tirar proveito e ajudar a aumentar a agitação nos países da região.

O governo cubano indica a esse propósito que o governante estado-unidense deturpa e manipula a realidade e oculta, como elemento central da instabilidade regional, a permanente intervenção dos EUA na América Latina e nas Caraíbas.

Unidade na diversidade

Os legítimos protestos e as massivas mobilizações populares no continente, em particular na Bolívia, no Chile, na Colômbia, no Equador e no Brasil, são geradas pela pobreza, a crescente desigualdade na distribuição da riqueza e a certeza de que as fórmulas neo-liberais agravam a discriminatória e insustentável situação de vulnerabilidade social, considera Cuba.

Entre outras causas das manifestações populares nesses países, a declaração do governo de Havana menciona a ausência ou precariedade de serviços básicos; o desemprego e a restrição dos direitos laborais; a privatização, encarecimento e redução de serviços públicos; e o incremento da insegurança urbana. «Elas revelam a crise dos sistemas políticos, a falta de verdadeira democracia, o descrédito dos partidos conservadores tradicionais, o protesto contra a corrupção histórica típica das ditaduras militares e dos governos de direita, o escasso apoio popular às autoridades oficiais, a desconfiança nas instituições e no sistema de justiça», aponta o texto.

Cuba assinala que nesses países protesta-se igualmente contra a repressão policial brutal, a isenção da responsabilidade penal aos repressores, o emprego de armas de guerra e anti-motins causadoras de mortes e lesões graves e o assassinato de líderes sociais, guerrilheiros desmobilizados e jornalistas.

Reafirma também o seu compromisso com os princípios de soberania, não-intervenção nos assuntos internos de outros estados e o direito de cada povo escolher e construir livremente o seu sistema político, num ambiente de paz, estabilidade e justiça, sem ameaças, agressões, nem medidas coercivas unilaterais.

O governo cubano ratifica que continuará a trabalhar no caminho da «integração da Nossa América, incluindo a realização de todos os esforços para que a Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), em breve presidida pelo México, continue promovendo os interesses comuns dos nossos países mediante o fortalecimento da unidade dentro da diversidade».




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