Congresso da Fiequimetal evidenciou força da unidade e da luta
ORGANIZAÇÃO À tribuna subiram casos de resistência e perseverança, comprovando que os trabalhadores podem obter resultados positivos se lutarem unidos e organizados nos seus sindicatos de classe.
Vai ter muita importância a luta por justos aumentos salariais
Com cerca de 300 delegados e várias dezenas de convidados, a Fiequimetal (Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Eléctricas, Farmacêutica, Celulose, Papel, Gráfica, Imprensa, Energia e Minas) realizou o seu 4.º Congresso a 29 de Novembro, em Palmela, no Cine-teatro São João, sob o lema «Unidade e luta, valorizar os trabalhadores».
Cumprindo a obrigação estatutária de apreciar a actividade levada a cabo desde o congresso anterior (Novembro de 2015, Estarreja), traçar as orientações para os próximos quatro anos e eleger a Direcção Nacional (com 83 membros, 48 por cento dos quais a integram pela primeira vez), a reunião magna da grande federação da CGTP-IN na indústria foi também ocasião para expor a vida que pulsa nos locais de trabalho.
No período de debate, usaram da palavra três dezenas de dirigentes, entre veteranos, que aqui encerraram décadas de dedicação, e jovens que estão a dar força à organização e à luta.
A propósito de cadernos reivindicativos, greves, concentrações, conquistas, reivindicações, sindicalização e organização, foram referidas grandes empresas de praticamente todos os sectores e regiões. Poderíamos citar os grupos Galp, EDP e Navigator, a Volkswagen Autoeuropa, a Renault Cacia, a PSA Mangualde, correndo o risco de omitir a Bosch, a Groz-Beckert, a Tesco, a Tegopi, a Cabelte, a Coficab, a Cel-Cat, a ThyssenKrupp, a Martifer, a Euroresinas, a REN, a INCM, a Novares, a Novartis, a Aptiv…
Apelo que é garantia
Sem risco podemos dizer que quase todos os oradores concluíram com uma frase que era, ao mesmo tempo, apelo e garantia: «A luta continua».
Foi também assim que o coordenador da Fiequimetal fechou a sua intervenção na abertura. Rogério Silva lembrou que o mandato foi marcado pelo resultado das eleições de Outubro de 2015, «para o qual muito contribuiu a luta dos trabalhadores» e que «permitiu interromper um processo que estava a levar o País para o desastre económico e social».
Enquanto «a marca de classe, nas opções tomadas durante os últimos quatro anos pelo Governo do PS, ficou patente, uma vez mais, na legislação laboral», os trabalhadores fizeram «uma caminhada de luta, para serem cumpridos os direitos que emanam da nossa contratação colectiva». Foram apresentados cadernos reivindicativos num maior número de empresas, foram defendidos direitos e conquistados aumentos salariais, foram obtidos «acordos globalmente positivos para os trabalhadores» na Águas de Portugal, na Petrogal, na EDP e na Navigator, na ourivesaria e no sector farmacêutico.
Impulsionada a luta por horários que respeitem a conciliação do trabalho com a vida pessoal e familiar, milhares de trabalhadores «recusaram os bancos de horas, as adaptabilidades, os horários concentrados e a generalização da laboração contínua». Rogério Silva destacou, a este propósito, o sucesso da primeira greve realizada na VW Autoeuropa, em Agosto de 2017, e recordou que a associação patronal pretendia ali obter «a força do exemplo em matéria de horários». Não o conseguiu e «alargámos essa luta à Renault Cacia e à PSA Citroen, continuámos a resistir na Mitsubishi Fuso».
A luta contra a precariedade laboral permitiu «efectivar o emprego a cerca de 2500 trabalhadores».
Nestes quatro anos inscreveram-se 12 700 trabalhadores nos sindicatos da Fiequimetal, que hoje dispõem de mais de mil delegados sindicais e mais de 800 representantes para a Segurança e Saúde no Trabalho.
As eleições de 6 de Outubro não provocaram «alterações significativas na composição da AR» e «os próximos quatro anos serão de uma enorme exigência». Rogério Silva destacou a luta por aumentos salariais, quer por mais 90 euros para cada trabalhador, em 2020, quer para fixar em 850 euros o salário de admissão nas empresas.
O aumento geral dos salários, aliado à redução da semana de trabalho para 35 horas, foi a primeira das «dez matérias de enorme relevo» a que Rogério Silva dedicaria a intervenção de encerramento, ao fim da tarde.
Na «agenda» saída do 4.º Congresso, realçou também a luta pelo direito à negociação colectiva e pela revogação das normas gravosas do Código do Trabalho. «Mas não nos iludamos», alertou, porque «será com o envolvimento dos trabalhadores e com os cadernos reivindicativos que criaremos as condições para sentar o patronato à mesa numa posição que nos seja mais favorável».
O Programa de Acção, uma resolução sobre Reivindicações Imediatas dos trabalhadores e uma moção sobre a paz tiveram aprovação por unanimidade e aclamação.
Solidariedade de classe
Assistiram ao congresso dirigentes de 12 organizações sindicais congéneres, de oito países, e o Secretário-geral da IndustriAll Europa. As intervenções deste e, especialmente, dos representantes da CCT cubana e da brasileira CUT foram recebidas com fortes aplausos.
No dia 28, em Setúbal, no auditório do Mercado do Livramento, os convidados estrangeiros e dirigentes da federação e dos seus sindicatos participaram num encontro internacional sobre «Indústria 4.0» e «Transição energética», subordinando estes temas à defesa do emprego, dos direitos dos trabalhadores e da soberania dos países.
Congresso da CGTP-IN «em marcha»
O Secretário-geral da CGTP-IN, a encerrar os trabalhos, comentou os conteúdos da proposta de «acordo de rendimentos» (que tratamos na pág. 13). Arménio Carlos considerou o 4.º Congresso da Fiequimetal «um excelente contributo para o 14.º Congresso da CGTP-IN, pela unidade e a coesão demonstradas, pelas ideias e sugestões e, sobretudo, pela disponibilidade que aqui ouvimos».
Sublinhou que o congresso da confederação «não se realiza só nos dias 14 e 15 de Fevereiro, já começou, está em marcha, isto [que aconteceu aqui] é o congresso da CGTP-IN» e «contamos convosco e com aqueles que, aqui não podendo estar, têm um papel determinante, para discutir os documentos, dar os seus contributos individuais e para discutir os problemas mais sentidos pelos trabalhadores e a ligação que têm com o congresso» da Intersindical Nacional.