Governo do Chile fala em diálogo e opta por intensificar a repressão

O go­verno do Chile pa­rece nadar entre duas águas, pois en­quanto con­vida o mo­vi­mento so­cial a di­a­logar, o pre­si­dente Se­bas­tián Piñera in­siste que en­frenta um «ini­migo po­de­roso e im­pla­cável» – os mi­lhares de pes­soas que pro­testam em todo o país contra as po­lí­ticas ne­o­li­be­rais e a re­pressão.

A partir de San­tiago do Chile, in­forma a Prensa La­tina que, no dia 28 de No­vembro, o mi­nistro do In­te­rior, Gon­zalo Blumel, re­cebeu no Pa­lácio de La Mo­neda uma re­pre­sen­tação sin­dical da Mesa de Uni­dade Na­ci­onal, no pri­meiro en­contro di­recto do go­verno com o mo­vi­mento po­pular que se ma­ni­festa nas ruas desde há seis se­manas.

A reu­nião pro­longou-se por quase três horas e teve como tema cen­tral a dis­po­sição de ambas as partes em avançar no diá­logo, pro­me­tendo o mi­nistro, sem se re­ferir às pro­postas da de­no­mi­nada agenda so­cial do go­verno, dar res­posta ao con­junto de exi­gên­cias das or­ga­ni­za­ções so­ciais.

A pre­si­dente da Cen­tral Uni­tária de Tra­ba­lha­dores (CUT), uma das par­ti­ci­pantes do en­contro em re­pre­sen­tação da Uni­dade So­cial, con­si­derou que, em­bora o mi­nistro não tenha dado res­postas con­cretas, pelo menos mos­trou von­tade.

Con­tudo, quase à mesma hora, Se­bas­tián Piñera as­sistia a uma ce­ri­mónia de gra­du­ação de efec­tivos po­li­ciais e afir­mava que o Chile está pe­rante um «ini­migo po­de­roso e im­pla­cável». A ideia já tinha sido ex­pressa pelo pre­si­dente quando, no co­meço da re­volta so­cial, as­se­gurou que o país es­tava em «guerra», o que lhe valeu duras crí­ticas de di­fe­rentes qua­drantes.

Afirmou agora, além disso, que a le­gis­lação «para com­bater os en­ca­pu­zados, os sa­que­a­dores, os vân­dalos, os que fazem bar­ri­cadas, não é su­fi­ci­ente» e in­sistiu na ne­ces­si­dade de leis mais se­veras e de atri­buir mais po­deres às «forças da ordem e se­gu­rança». Uma das suas ini­ci­a­tivas mais re­centes nesse sen­tido foi a de propor ao Con­gresso uma lei que per­mita às forças ar­madas ir para as ruas «co­la­borar» com os ca­ra­bi­neiros na de­fesa de ins­ta­la­ções es­tra­té­gicas.

Essas e ou­tras me­didas e ame­aças levam os ana­listas a con­cluir que Piñera e o seu go­verno di­rei­tista, ao mesmo tempo que falam em diá­logo, estão de­ci­didos a con­ti­nuar a re­primir bru­tal­mente o mo­vi­mento po­pular que, com as suas greves, pro­testos e ma­ni­fes­ta­ções em que par­ti­cipam de­zenas de mi­lhares de pes­soas, exigem uma nova Cons­ti­tuição e ou­tras po­lí­ticas.




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