Polémicas, «ismos» e preconceitos

O reatar dos trabalhos parlamentares, com uma nova composição da Assembleia da República, deu pasto fértil às tentações mediáticas para criar novas polémicas. E a máquina que se alimenta dessas polémicas foi posta a funcionar: primeiro criando-as, depois dando-lhes lastro.

A propósito do primeiro debate quinzenal, os representantes de várias bancadas, representando uma ampla maioria de deputados, decidiu uma coisa que deveria parecer evidente e imune a polémicas: a aplicação do regimento da Assembleia da República na distribuição dos tempos pelas bancadas parlamentares.

De repente, surgiram as notícias e multiplicaram-se os comentadores a explicar que, afinal, não foi isso que a conferência de líderes parlamentares decidiu: o que a «esquerda» impôs foi a «lei da rolha» sobre os três deputados únicos (que à luz do regimento, actualmente ainda em vigor, têm direito a intervir em grande parte dos debates parlamentares, mas nesses em particular continuam a não ter).

Logo se apressaram muitos a enquadrar a questão recorrendo ao mais básico preconceito anticomunista, talvez animado pela operação de reescrita da História que foram promovendo nas semanas anteriores, a propósito dos 30 anos da chamada «queda do muro de Berlim». Ignorando que a posição do PCP vale tanto quanto o seu número de deputados (10 em 230), foram emergindo acusações de que estaria a mostrar a sua verdadeira face, adjectivada com vários «ismos» (do estalinismo ao totalitarismo), negando a palavra a três «representantes da Nação».

De pouco valeu explicar que não faz sentido ir abrindo excepções atrás de excepções quando, ainda para mais, estava já no horizonte um processo de revisão do tal regimento. O anátema estava lançado e nem a abertura para uma solução transitória – que permitiu aos três deputados que interviessem – acalmou as almas inquietas dos novos paladinos da liberdade de expressão.

Depois do filme montado, estava justificada a opção que veio a seguir, tanto antes como após o debate: fazer da intervenção daqueles três deputados o centro daquelas duas horas. Até outros partidos, dos chamados «tradicionais», habituados ao elogio fácil em debates quinzenais, foram ofuscados por aquelas três intervenções. E os mesmos que vêm manifestando muita preocupação para com ameaças populistas ao regime democrático montaram, assim, o cenário perfeito para amplificar duas vozes (Chega e Iniciativa Liberal) profundamente reaccionárias; para projectar a mensagem dos novos porta-vozes mais retrógrados do capital.

Mas, quando olhamos para quem são os proprietários dos maiores grupos de comunicação social, tudo isto se torna menos estranho: afinal a voz dos grandes grupos económicos, seja pela força do dinheiro ou por outros recursos, também lá está bem presente. Não por acaso, uma das questões destacada por ambos foi o englobamento obrigatório dos rendimentos de capital, que fará com que os grandes proprietários paguem uma taxa mais justa de imposto. Também não por acaso, esta é uma proposta de há anos do PCP.




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