Creches ilegais

Margarida Botelho

Foi notícia esta semana o encerramento de onze creches ilegais durante os primeiros nove meses do ano.

A generalidade da cobertura noticiosa centrou-se nos pormenores mais ou menos sórdidos dos casos detectados. Mas faltou em quase todas as notícias o enquadramento da situação, o porquê dos pais das crianças envolvidas terem deixado os filhos em creches ilegais.

A verdade, como o PCP tem denunciado, é que só existem vagas em creche para cerca de metade das crianças até aos três anos que vivem em Portugal. E para esta metade que tem acesso à creche, estamos a contabilizar todas as vagas, do sector social e do privado, porque a rede pública é praticamente inexistente.

Posto isto, é fácil perceber porque é que tantos pais são empurrados para entregar os bebés a creches e amas ilegais no final das licenças de maternidade e paternidade. Com vínculos precários, salários baixos, muitas vezes sem apoios familiares disponiveis, a saída é óbvia.

A verdadeira solução, no entanto, está na proposta que o PCP apresenta: creche gratuita, ou soluções equiparadas, para todas as crianças até aos 3 anos, incluindo a sua garantia às crianças nascidas a partir de 2020, assegurando soluções transitórias até a implementação de uma rede pública que garanta a cobertura integral.

Só esta medida dará resposta às situações dramáticas que milhares de famílias vivem, sem solução fiável, segura, acessível, para deixar o seu bebé quando regressam ao trabalho no final das licenças.

Só esta medida dará confiança às famílias que gostariam de ter um filho - ou mais filhos - e não têm condições financeiras - em que a mensalidade da creche tem um peso considerável - para dar esse passo.

Só esta medida garantirá a qualidade pedagógica a que as crianças têm direito, em vez de serem colocadas numa espécie de armazens onde se limitam a comer, dormir e esperar.





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