Ruben de Carvalho, militante comunista construtor de Abril, do «Avante!» e da Festa

FALECIMENTO Intelectual comunista que «assumiu uma intervenção destacada na actividade do Partido, tendo desempenhado importantes tarefas, cargos e responsabilidades», faleceu anteontem, 11 de Junho, com 74 anos, Ruben de Carvalho.

Empenhou-se com o seu Partido na luta por uma sociedade nova

Lamentando «profundamente o falecimento do camarada Ruben de Carvalho», o Secretariado do Comité Central apresentou «as mais sentidas condolências à sua família, em especial à camarada Madalena Santos, sua companheira de vida e luta».

«Ruben de Carvalho teve uma vida de intervenção e de luta na resistência antifascista, no movimento associativo estudantil, abraçou com intensidade a Revolução de Abril e defendeu os seus valores e conquistas. Destacou-se no jornalismo, na imprensa e na rádio. Deixou à sociedade portuguesa um contributo de grande relevo no conhecimento da música, na sua dimensão artística, cultural e social, no plano nacional e internacional, das suas raízes populares à sua dimensão erudita», recorda-se na nota.

Membro do Comité Central do PCP desde 1979, Ruben de Carvalho nasceu em Lisboa em 21 Julho de 1944. Quando aderiu ao PCP, em 1970, acumulava já um percurso de resistente antifascista no movimento estudantil e juvenil e na oposição democrática, intervenção que «levou a perseguições constantes, por parte da polícia do regime fascista – PIDE – e às prisões fascistas de Caxias e do Aljube».

«Após o 25 de Abril de 1974, foi da Direcção Nacional do Movimento Democrático Português – Comissão Democrática Eleitoral (MDP/CDE), em 1974, e chefe de gabinete do ministro sem pasta, Prof. Francisco Pereira de Moura, no I Governo Provisório».

Funcionário do Partido entre 1974 e 1997, «Ruben de Carvalho foi Chefe de Redacção do Avante!, órgão central do PCP, entre 1974 e 1995. Era membro do Executivo da Comissão Nacional da Festa do Avante! desde a 1.ª edição, em 1976, tendo assumido uma intervenção destacada na sua programação cultural, em particular na concepção e organização dos seus espectáculos musicais.

Vida cheia

«Ruben de Carvalho foi repórter e redactor coordenador de O Século em 1963 e editor-paginador em 1971. Chefe de redacção da Vida Mundial em 1967. Teve colaborações em numerosas publicações: Seara Nova, Notícias da Amadora, O Diário, Diário de Lisboa, Século Ilustrado, Contraste, JL, O Militante, Politika, História, Vida Mundial (nova série), A Capital, Expresso. Foi cronista no Diário de Notícias e comentador da SIC Notícias. Dirigiu entre 1986 e 1990 a radio local Telefonia de Lisboa na qual produziu e realizou diversos programas. Foi membro do Conselho de Opinião da RTP em 2002. Produzia, desde 2009, o programa Crónicas da Idade Mídia e participou no programa Os Radicais Livres na Antena 1», acrescenta-se no referido comunicado.

«Membro da Comissão Executiva das Festas de Lisboa e da Comissão Municipal de Preparação de LISBOA 94 - Capital Europeia da Cultura; Comissário para as áreas de Música Popular e Edições de LISBOA 94 e Director artístico nomeado pela Câmara Municipal de Lisboa do Festival das Músicas e Portos (1999)», Ruben de Carvalho foi ainda «membro do Conselho Consultivo do Centro Cultural de Belém», deputado na Assembleia da República, eleito pelo círculo de Setúbal, nas eleições de 1995, vereador da Câmara Municipal de Setúbal, eleito pela CDU, em Dezembro de 1997 e vereador na Câmara Municipal de Lisboa, eleito pela CDU, entre 2005 e 2013. Foi responsável na CML pelo Roteiro do Antifascismo. Foi membro da Comissão Executiva das comemorações do 25.º Aniversário do 25 de Abril nomeado pelo Presidente da República.

Deixou obra publicada com os títulos «Dossier Carlucci-CIA», «Festas de Lisboa», «As Músicas do Fado», «Seis Canções da Guerra de Espanha», «Um Século de Fado», «Histórias do Fado», e organizou o livro póstumo «As Palavras das Cantigas» de José Carlos Ary», isto para além de ter prefaciado diversas obras, nomeadamente «Nenhum Homem é Estrangeiro» de Joseph North.

Ruben de Carvalho «produziu diversos discos e espectáculos, nomeadamente Uma certa maneira de cantar, A Internacional, Pete Seeger em Lisboa, 25 Canções de Abril, Lisboa Cidade Abril, Carvalhesa, Grândolas, entre outros».

Ao longo de toda a sua vida, Ruben de Carvalho empenhou-se na luta, com o seu Partido, pela liberdade e a democracia, por uma sociedade nova liberta da exploração e da opressão, o socialismo e o comunismo», sublinha por fim o Secretariado do PCP.




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