Zangam-se as comadres...
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O Estado gere mal, é ineficiente, tem clientelas. O Estado falha dia, noite e nos intervalos. O Estado estraga tudo onde se mete e devia deixar a sociedade civil e a iniciativa privada tratarem dos negócios. O Estado deve regular, de preferência o mínimo possível.
Já todos ouvimos concepções destas e as suas diversas declinações, a propósito dos serviços públicos, do sector empresarial do Estado ou das privatizações, apresentadas como ciência inquestionável.
É por isso que é deliciosamente irónica a entrevista de Manuel Champalimaud, presidente do grupo empresarial com o mesmo nome e principal accionista dos CTT, a quem o Expresso do passado fim de semana deu o título que encima este Actual.
«O Estado», diz Champalimaud, «podia ser um accionista como qualquer outro (...) estando no conselho perceberia as dificuldades de gerir uma operação como esta e teria de ter uma atitude consentânea. (...) A vantagem (...) seria a transparência e a criação de condições económicas para a subsistência da operação. Porque de duas uma: ou não querem perder dinheiro – neste caso dos contribuintes – e preocupam-se, como qualquer outro accionista, em ter uma gestão do negócio sã, ou, se só olharem para o lado do consumidor, têm de criar apoios e assumir que é um custo que querem suportar.»
Não é maravilhoso? Afinal, o tal Estado gordo e metediço serviria muito bem para «a subsistência da operação» de Champalimaud, desde que continuasse o capital a mandar e o Estado se limitasse a injectar dinheiro. Agora que estão à vista de todos as consequências desastrosas da privatização, ei-los a clamar pela intervenção do Estado.
A solução de enterrar dinheiro público em empresas privadas está mais do que testada. Não serve, é errada, não se deve repetir. O que é necessário é recuperar o controlo público dos CTT, salvar a empresa, o serviço público postal público e universal e os postos de trabalho.
Temos denunciado o enorme embuste que constitui a tese do aumento da «carga fiscal» a que PSD e CDS têm recorrido para não só branquear a política de direita como abrir caminho a novas reduções de impostos sobre o grande capital.