Dia 26, com a CDU para avançar
A síntese, plena de significado, que a expressão «avançar é preciso, andar para trás não» encerra ganhou nos últimos dias inegável actualidade e uma mais clara percepção do que representa enquanto opção e objectivo.
A dramatização que o Governo PS fez com a instrumentalização do debate sobre o tempo para a progressão na carreira dos professores e outros trabalhadores da Administração Pública, para lá do pretexto invocado, desnudou o posicionamento e objectivos do PS. Terão, porventura, pesado factores vários na motivação do PS: o quadro político geral marcado por uma acção articulada de centros reaccionários questionando o Governo; as contradições ainda que marginais no próprio partido; a inquietação com o decurso da batalha eleitoral para o Parlamento Europeu.
Mas o factor decisivo e iniludível, por mais que o disfarcem, está na ambição de ganhar espaço político para prosseguir de mãos livres o que tem marcado o seu percurso de décadas e que a força das circunstâncias decorrentes das eleições de 2015, para lá da sua vontade, condicionaram.
Como se tem sublinhado, contrariando ilusões e desfazendo equívocos semeados quanto à natureza do actual Governo, o PS não mudou nem passou a ser o que nunca foi. O que se alterou foi as circunstâncias. É dessas circunstâncias que o PS se quer libertar. Os últimos dias são disso prova. Destacados dirigentes do PS não só voltaram a usar os argumentos dos tempos passados como puseram a pairar a ameaça de regresso ao mesmo rumo a que política de direita amarrou o País.
Velhos argumentos
Aí vemos repostos, pela mão do PS, os argumentos de Passos e Portas. A mesma exacerbação de sentimentos de egoísmo e inveja, de semeio de medo e agitar de insegurança para virar portugueses contra portugueses, usando os direitos como arma de arremesso para negar a uns o que é devido a todos. A mesma retórica sobre o não deitar fora os «sacrifícios», na versão do antes, e na versão actual o «alcançado», para justificar a ausência de resposta que por opção se não quer dar. A mesma conversa sobre a «credibilidade externa» ameaçando com os humores das agências de rating e de outros agentes da extorsão a que o País tem estado sujeito, para o manter refém dessas imposições.
A mesma teorização sobre o não ser possível «dar tudo a todos» para nivelar por baixo direitos, iludindo que quando se trata de tirar tudo a quase todos, o «passo maior que a perna» não dá tropeço. A mesma rábula sobre agigantadas incertezas de ameaça de «novas crises» para justificar esse círculo vicioso de cortar porque há crise, e não se dar a resposta necessária que, aliás, prepararia o País para a enfrentar, porque virá aí nova crise.
Defender o povo e o País
O tempo que se vai vencendo encarrega-se de desmentir as teses sobre compatibilização entre resposta aos problemas e cumprimento de regras ditadas pela União Europeia, entre «contas certas» e desenvolvimento soberano. Ainda que a recuperação retroactiva não esteja inscrita em nenhuma das matérias agora discutidas, o que se vislumbra é o mesmo apego à ideia de que, salvo o que interessa à banca e aos grupos económicos, só os retrocessos têm garantia de perdurar.
Arredados que sejam floreados semânticos ou prudentes formulações, o que ficou exposto com toda a clareza pelo PS é que entre obediência a imposições externas, PS e Governo não hesitarão no caminho pelo qual optarão se para isso tivessem margem: andar para trás no que com a intervenção decisiva do PCP se alcançou, olhar para avanços como elementos conjunturais, se não erros de percurso, e com ameaça de reversão já pressagiada.
É também por isso que no próximo dia 26 é momento de defender o povo e o País e dar claro sinal de que o que é preciso é, com o reforço da CDU, avançar para um Portugal com futuro.