Abril é alavanca de futuro

Rui Braga (Membro do Secretariado)

Esta é a madrugada que eu esperava. O dia inicial inteiro e limpo… Por todo o País, centenas de milhares de pessoas – nas mais diversas iniciativas, com destaque para os expressivos desfiles populares de Lisboa e do Porto – comemoraram o 45.º aniversário do 25 de Abril confirmando que Abril está vivo e que é na afirmação dos seus ideais e valores que reside a mais sólida alavanca para a construção de um Portugal com futuro, desenvolvido e soberano a que aspiramos e pelo qual não desistiremos de lutar.

Comemorar Abril e Maio é decisivo para a luta presente

Estas comemorações são também um importante momento na luta presente em defesa dos valores de Abril, da exigência de ruptura com a política de direita e da afirmação de uma política alternativa, patriótica e de esquerda. Luta que também esteve presente nas comemorações do 1.º de Maio – Dia do Trabalhador.

Em 1974, uma semana depois da conquista da liberdade, essa poderosa demonstração de força da classe operária e dos trabalhadores portugueses foi um momento decisivo no arranque vigoroso e imparável de um processo revolucionário que, com as suas conquistas históricas, iniciou a construção da democracia política, económica, social, cultural, assente na clara assumpção da independência e da soberania nacional, que a Constituição de Abril viria a consagrar em 2 de Abril de 1976. Da mesma maneira que as comemorações da passada quarta-feira foram uma grandiosa jornada de luta dos trabalhadores portugueses em defesa dos seus direitos, contra o desemprego, a precariedade e os baixos salários, pela exigência da ruptura com a política de direita e por uma política patriótica e de esquerda inspirada nos valores de Abril.

Para nós, comunistas, e para os activistas da CDU, este foi um dia para acumular forças para as muitas e exigentes batalhas que temos pela frente, designadamente as que dizem respeito ao ciclo eleitoral, a começar já pelas eleições para o Parlamento Europeu, para as quais é necessário um esforço acrescido, a par do trabalho militante para as múltiplas tarefas do dia-a-dia.

Escolhas decisivas e claras

No próximo dia 26 de Maio a questão que se coloca aos trabalhadores e ao povo português é a de escolher entre quem, de uma forma coerente e comprometida com os interesses nacionais, dos trabalhadores e do povo, não se submete a imposições externas e não aceita assistir à destruição das suas vidas e do seu País, e quem promove e pratica uma política de agravamento das condições de trabalho e de vida da imensa maioria dos portugueses, que abdica da soberania e independência nacionais – submetendo-as aos interesses do grande capital nacional e internacional – impedindo e limitando o desenvolvimento do País.

A escolha é clara. Torná-la óbvia para os trabalhadores e para o povo português é a tarefa que se coloca a todos nós. Está nas nossas mãos, na nossa acção colectiva e individual, construir uma intensa corrente de mobilização para o voto na CDU e mostrar que está nas mãos dos trabalhadores e do povo português abrir a possibilidade de concretizar o Portugal desenvolvido e soberano a que temos direito, dando mais força à CDU.

Justa homenagem

Foi bonita a festa, pá! No dia 27 de Abril de 1974, foram libertados os últimos presos políticos, que se encontravam na cadeia do Forte de Peniche – símbolo maior do regime fascista. Precisamente 45 anos depois, com a inauguração da primeira fase do Museu Nacional da Resistência e da Liberdade, prestou-se uma muito devida quanto justa homenagem a todos aqueles que, com a sua coragem, determinação, luta e, em alguns casos, até a própria vida, contribuíram para o derrube do regime fascista e para a conquista da liberdade.

Fascismo Nunca Mais! 25 de Abril Sempre!




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