Campanha alegre
A pré-campanha eleitoral para as eleições para o Parlamento Europeu (PE) anda por aí em força. O primeiro-ministro António Costa insiste em propagandear o sucesso da sua quadratura do círculo, feita de dedicação às restrições orçamentais de Bruxelas e, ao mesmo tempo, da insuficiência de investimentos nos serviços públicos (humanos e materiais), enquanto continua a banquetear a banca com dinheiro dos portugueses e sob instruções da UE.
O BE espraia-se em diligências eleitorais e agarra-se à nova Lei de Bases da Saúde para difundir que «está a estudá-la com o PS e o Governo» e incutir a suposição de que mais ninguém estuda e propõe sobre o assunto, almejando, decerto, reivindicar o produto como de sua lavra.
É claro que também há anedotas.
É o caso do partido «Chega» de André Ventura (lido assim, é um nome elucidativo), o fascistóide que foi eleito como vereador na câmara de Loures, pelo PSD. Apresentou-se nas autoridades competentes e foi rejeitado pelos tribunais, incluindo o Supremo. Razão: nas assinaturas proponentes apresentava irregularidades, como gente de menor idade…
Ainda na área do simplório, temos a apresentação de candidatos do CDS, mas… para as eleições legislativas. E andam por aí a gabar-se de apresentarem «uma lista de jovens», entre os quais um «jornalista de 23 anos» de quem naturalmente, ninguém tinha ouvido falar, em tão verde carreira. Esta obsessão em mostrar uma «lista jovem» para as legislativas deve esconder a fraca lista para o PE, com o veterano cabeça de lista, Nuno Melo, já com uma considerável carreira de 10 anos nas alcatifas da UE, mas certo certo é que não tivemos notícia da lista do CDS.
Mas é o PSD que exibe mais barafunda, a começar por Cavaco Silva, que teima em sair regularmente da irrelevância para exibir um caudilhismo sempre desastroso. Desta vez meteu-se nas nomeações familiares da governação para garantir, após «consultar por curiosidade» os três governos que chefiou, não haver «qualquer caso» de consanguinidade entre eles. Pois não, foram apenas 15 casos de maridos que colocavam as esposas nos gabinetes de outros ministros do mesmo governo de Cavaco, tendo ficado, para memória futura, uma primeira página do Independente de Paulo Portas onde se escarrapacha(va) isto tudo, o que, obviamente, foi abundantemente brandido para desmentir (mais uma vez) Cavaco Silva.
Como se não bastasse, veio a público o autor do programa eleitoral do PSD para as próximas eleições proclamar que um dos objectivos do PSD é recuar das 35 horas de trabalho semanal para as 40 horas e repor pagamento de IRS ao milhão e tal de portugueses que hoje estão isentos. Ou seja, o regresso ao esbulho da troika/Passos&Portas. Parafraseando o Eça, uma campanha alegre.