Diz-me com quem andas...
Discursando na apresentação dos candidatos do PSD às eleições para o Parlamento Europeu na passada sexta-feira, dia 5, Rui Rio afirmou que votar nos sociais-democratas dá garantia de moderação e perda de influência da extrema-direita.
E para que dúvidas não houvesse, advertiu com a sua proverbial autoridade: «temos de fazer opções de voto nos partidos moderados. Se os partidos moderados não tiverem força é isso justamente que abre espaço aos extremismos que põem em causa os objetivos fundamentais da Europa».
Ou seja, para Rui Rio, o que se passa no espaço da União Europeia (que, tal como o PS, confunde geográfica e politicamente, com a Europa) nada tem a ver com o capitalismo que, perante o aprofundamento da sua crise estrutural, recorre cada vez mais ao fascismo e à guerra como «saída» para as contradições e dificuldades com que se debate. Para o PSD (e o mesmo se poderá dizer, para o PS e CDS), a limitação às liberdades, os avanços federalistas, o afrontamento à soberania dos povos, o neoliberalismo desenfreado e as suas consequências no desemprego, no ataque aos serviços públicos e aos direitos sociais, nas privatizações, entre muitos outros e o belicismo agressivo da UE são fenómenos que nada têm a ver com forças da direita, extrema-direita ou fascistas.
O que Rui Rio não assume é que a crise da União Europeia resulta da própria natureza capitalista da sua construção.
Rui Rio proclama que o PSD é uma força moderada. Pois, pois, moderada. Quer dizer, totalmente ao serviço do grande capital na sua umbilical relação com a política de direita (de expressão moderada ou radical, conforme o exija em cada momento a plena satisfação dos seus supremos interesses de classe).
Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és,afirma a sabedoria popular. Tudo o resto são palavras, palavras e mais palavras extraídas da cartilha neoliberal que Rui Rio tão diligentemente decorou.