O Capitalismo não é verde…
Foi grande o impacto da «greve climática» de 15 de Março. A ideia de os jovens se mobilizarem em defesa do ambiente, da preservação dos recursos e das condições naturais para a existência das espécies – desde logo a espécie humana – é positiva. Essa ampla e generosa participação juvenil espelha uma crescente sensibilidade para os problemas ambientais e dos seus riscos e consequências. Chegados aqui é necessário situar o problema e levantar um conjunto de questões.
Não é nova a ideia, repetida nos últimos dias, de que as questões ambientais estão «para lá das ideologias», porque a causa é «o planeta» e o que é «urgente» é agir. Este discurso tem décadas, foi montado para ocultar a evidência que Marx identificou no século XIX: o modo de produção capitalista não só coloca o homem contra o homem, por via da relação de exploração, como deteriora a relação das sociedades com a natureza, por via da sede febril de lucro e da anarquia da produção. Na actualidade essa manobra de manipulação ideológica não só continua como se tem intensificado à medida que o grande capital vê no «risco ambiental» um risco para o seu domínio, e o tenta contornar transformando-o numa nova fileira de lucro – a chamada «economia verde» – sustentada numa espécie de «neopopulismo ecológico».
Para tal é necessário mobilizar para as ideias da «fiscalidade verde», do «mercado do carbono», da responsabilização individual pelas atitudes de consumo, do «choque de gerações» ou da privatização dos recursos naturais para «forçar a poupança», ocultando-se as responsabilidades reais e os factos como o de 100 empresas (na esmagadora maioria das grandes potências capitalistas) serem responsáveis por 71% da emissão de gases de estufa desde 1988.
Como bem afirmou a JCP no passado dia 15, o «capitalismo não é verde». A luta «para salvar o planeta» é inseparável da luta pelo socialismo, e essa é a «medida concreta» cada vez mais «urgente».