Para onde vai Adolfo?

Vasco Cardoso

Adolfo Mesquita Nunes, dirigente do CDS, é o mais recente nome que entrou na porta giratória por onde passam ilustres dirigentes partidários a caminho dos conselhos de administração dos grupos monopolistas. O seu destino será o de administrador não executivo na GALP, seguindo assim as pisadas de outros, antigos e actuais dirigentes, do PS, do PSD e do CDS, que encontram o conforto e a justa recompensa pelos seus préstimos, nos conselhos de administração destas grandes empresas. Não há nada de novo nesta opção. A mesma subordinação, a mesma promiscuidade entre o poder político e o poder económico, marca indelével da política de direita, que temos denunciado ao longo dos anos.

Diga-se de passagem que não seria necessária esta convivência promiscua para atestar do papel que o CDS tem desempenhado ao longo dos anos, enquanto força política ao serviço dos grandes interesses. Relembre-se o que foi a sua intervenção em sucessivos governos, o seu papel nas privatizações de importantes empresas públicas, nas alterações à legislação laboral, na imposição da Lei das Rendas (melhor dizendo, Lei dos Despejos), na consagração de elevados benefícios fiscais para o grande capital, na fragilização dos serviços públicos e na promoção dos grupos privados na área da saúde ou da educação, no ataque à pequena propriedade agrícola, no compromisso com o projecto de integração capitalista na União Europeia. Tudo isso configura um percurso e uma opção de classe, ainda que disfarçada com elevadas doses de demagogia que vão do «partido da lavoura» ao «partido do contribuinte» e coberta por uma comunicação social dominante que traz sempre o CDS nas palminhas das mãos (veja-se, a título de exemplo, a relação do Correio da Manhã ou da TVI com Assunção Cristas e Paulo Portas respectivamente).

AMN poderia ter resistido à tentação das mordomias do conselho de administração da Galp, indo ao encontro de ilustres figuras da direita portuguesa que consideraram inoportuna esta opção. Poderia ficar-se por uma prática mais discreta, porventura na sombra dos grandes negócios onde o tráfico de influências circula a grande velocidade. Poder podia, mas não seria a mesma coisa.




Mais artigos de: Opinião

O Capitalismo não é verde…

Foi grande o impacto da «greve climática» de 15 de Março. A ideia de os jovens se mobilizarem em defesa do ambiente, da preservação dos recursos e das condições naturais para a existência das espécies – desde logo a espécie humana – é positiva. Essa ampla e generosa participação juvenil espelha uma crescente...

Cúcú: Olha o passe!

Marques Mendes chamou-lhe uma «bomba eleitoral», para desvalorizar a medida, ao mesmo tempo que afirmava, sem qualquer vergonha, que «a medida é justa, necessária e vai na direção certa». E vai, mas essa direcção certa é oposta à direcção escolhida pelo Governo PSD/CDS e defendida por Marques Mendes! Mas não se pense...

Os louvores

A agência de rating Standard & Poor's resolveu subir dois escalões a Portugal e o foguetório de António Costa e, sobretudo, de Mário Centeno estralejou nas televisões, repetindo as gabarolices sobre «o bom caminho das finanças públicas» e o «objectivo da consolidação orçamental». É claro que Centeno aproveitou a...

Eleições para o Parlamento Europeu uma batalha de todo o Partido

As eleições para o Parlamento Europeu – e as eleições para a Assembleia da República – constituem, pelo que representam e pela dimensão nacional que assumem, uma importante batalha político-eleitoral que exige o envolvimento e o empenhamento de todo o Partido, assim como de todos quantos acompanham a CDU e se identificam com o seu trabalho, honestidade e competência.

Dois meses de valente resistência

O imperialismo norte-americano tem somado fracasso sobre fracasso na sua criminosa ofensiva golpista contra a Venezuela Bolivariana. Como quase sempre acontece com os agressores (nunca esquecer os exemplos de Cuba, Vietname e mesmo Síria), mostrou desconhecer as raízes populares do processo encetado vinte anos atrás pela...