Venezuela vencerá!

Pedro Guerreiro

Alargar a so­li­da­ri­e­dade à Ve­ne­zuela

De entre as im­por­tantes ila­ções que se devem re­tirar dos acon­te­ci­mentos, ocor­ridos no úl­timo fim-de-se­mana, em torno da pro­vo­cação mon­tada pelos EUA contra a Re­pú­blica Bo­li­va­riana da Ve­ne­zuela, é o terem posto a nu a in­co­men­su­rável dis­tância que se­para a in­fame cam­panha de ma­ni­pu­lação e men­tira – in­cluindo a vei­cu­lada em Por­tugal – da efec­tiva re­a­li­dade ve­ne­zu­e­lana.

As­si­nale-se que, mesmo pe­rante o des­ca­labro da acção pro­vo­ca­tória, mas im­buídos pelo guião de men­tira (e qui­mera) que tra­maram, os seus «men­tores» e «ac­tores» – de Pence, Pompeo, Bolton ou Rubio, à sua «ma­ri­o­neta» Guaidó – con­ti­nu­avam a apelar ao re­cru­des­ci­mento da in­ge­rência e da agressão, in­cluindo através da in­ter­venção mi­litar contra a Ve­ne­zuela e o seu povo.

No en­tanto, o que a re­a­li­dade de­ter­minou foi a im­por­tante der­rota dos agres­sivos planos ime­di­atos do im­pe­ri­a­lismo norte-ame­ri­cano, que con­taram com o par­ti­cular en­vol­vi­mento das au­to­ri­dades co­lom­bi­anas. Uma der­rota que se deve, em pri­meiro lugar, à res­posta de­ter­mi­nada e séria das forças bo­li­va­ri­anas, à fir­meza da uni­dade cí­vico-mi­litar, ao com­pro­misso pa­trió­tico da Força Ar­mada Na­ci­onal Bo­li­va­riana (FANB), à co­ra­josa mo­bi­li­zação po­pular em de­fesa da Re­vo­lução, da so­be­rania e in­de­pen­dência da Ve­ne­zuela – que contou com o sig­ni­fi­ca­tivo po­si­ci­o­na­mento em de­fesa dos prin­cí­pios da Carta das Na­ções e a ac­tiva so­li­da­ri­e­dade de di­versos países e das forças da paz e do pro­gresso por todo o mundo.

Em­bora tal res­posta tenha con­tri­buído para um maior iso­la­mento do in­tento, ar­qui­tec­tado pelos EUA e exe­cu­tado pela ex­trema-di­reita gol­pista ve­ne­zu­e­lana, de abrir o ca­minho à in­ter­venção ar­mada – a co­berto de uma falsa e hi­pó­crita «ajuda hu­ma­ni­tária», de que as Na­ções Unidas e a Cruz Ver­melha In­ter­na­ci­onal cor­rec­ta­mente se de­mar­caram –, con­tinua a in­ci­tação ao iso­la­mento e à in­ge­rência contra a Ve­ne­zuela, no­me­a­da­mente através da ins­ti­gação da ope­ração gol­pista, como re­sultou da re­cente reu­nião do cons­pi­rador «Grupo de Lima».

Para além das ame­aças de in­ter­venção mi­litar por parte da Ad­mi­nis­tração Trump, se­cun­dadas por Juan Guaidó, contra o povo ve­ne­zu­e­lano, con­ti­nuam a de­ses­ta­bi­li­zação, as san­ções e o blo­queio eco­nó­mico, a con­fis­cação ilegal de bens e re­cursos fi­nan­ceiros, que visam as­fi­xiar a eco­nomia da Ve­ne­zuela e de­gradar as con­di­ções de vida do seu povo.

Face à ex­pressão do apoio po­pular e le­gi­ti­mi­dade do Go­verno di­ri­gido pelo pre­si­dente eleito, Ni­colás Ma­duro, o Go­verno por­tu­guês con­tinua ver­go­nhosa e ir­res­pon­sa­vel­mente ali­nhado com a ope­ração gol­pista, a que eu­fe­mes­ti­ca­mente de­signa de «tran­sição», tendo che­gado a afirmar que a «questão»que se co­lo­cava era a de saber se esta se podia «fazer de forma pa­cí­fica, sem con­fron­tação in­terna, nem in­ter­venção ex­terna» (DN, 1.2.19).

Desde há 20 anos que o im­pe­ri­a­lismo pro­cura es­magar o pro­cesso bo­li­va­riano, ini­ciado com a eleição do Pre­si­dente Hugo Chávez. Um pro­cesso que não só ga­rantiu pela pri­meira vez di­reitos a mi­lhões de ve­ne­zu­e­lanos, como im­pul­si­onou um his­tó­rico avanço na co­o­pe­ração so­be­rana la­tino-ame­ri­cana e ca­ri­benha, fora da al­çada do do­mínio dos EUA, con­tri­buindo, pelo seu exemplo, para a luta dos povos de todo o mundo. Os EUA e seus acó­litos não irão de­sistir das suas pro­vo­ca­ções e in­tentos agres­sivos. Tão pouco a Ve­ne­zuela bo­li­va­riana dei­xará de re­sistir e de lutar – é com ela que há que estar so­li­dário!




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