PS, PSD e CDS mantêm-se alheios à segurança e saúde no trabalho nas polícias

PREVENÇÃO Voltou a ser in­vi­a­bi­li­zado no Par­la­mento, pelos votos de PS, PSD e CDS, a ini­ci­a­tiva le­gis­la­tiva do PCP des­ti­nada a me­lhorar as con­di­ções de saúde e se­gu­rança no tra­balho nas forças de se­gu­rança.

Nos úl­timos 10 anos sui­ci­daram-se 95 pro­fis­si­o­nais

Ao lado da ban­cada co­mu­nista no voto fa­vo­rável ao pro­jecto de lei es­ti­veram PEV, BE e PAN, este com uma ini­ci­a­tiva de na­tu­reza idên­tica que veio a ter o mesmo des­fecho. O PS votou contra, op­tando PSD e CDS pela abs­tenção.

Para o PCP, que ins­creveu de novo o as­sunto na agenda par­la­mentar, a in­sis­tência tem uma ex­pli­cação e é sim­ples: não é acei­tável que os pro­fis­si­o­nais das forças e ser­viços de se­gu­rança não te­nham um re­gime ju­rí­dico da se­gu­rança e da saúde no tra­balho.

Disse-o Jorge Ma­chado, tor­nando claro que na óp­tica da sua ban­cada forças e ser­viços como a PSP, GNR, PJ, Po­lícia Ma­rí­tima, SEF e Guarda Pri­si­onal «não podem con­ti­nuar à margem de todas a le­gis­lação que existe quanto à saúde e se­gu­rança no tra­balho».

Tanto mais que esta é uma pro­fissão com «ele­vados ní­veis de risco», com os seus pro­fis­si­o­nais su­jeitos a «ele­vados ní­veis de pressão e stress», como tratou de re­alçar o de­pu­tado co­mu­nista, que, a este pro­pó­sito, pondo em re­levo a di­mensão do pro­blema, lem­brou que nos úl­timos dez anos ocor­reram 95 sui­cí­dios na PSP e na GNR.

Re­a­li­dade dra­má­tica que PS, PSD e CDS con­ti­nuam a me­nos­prezar, como se com­prova por este e por an­te­ri­ores chumbos às pro­postas do PCP. Por isso Jorge Ma­chado acusou aqueles par­tidos, jun­ta­mente com o Go­verno, de serem os res­pon­sá­veis por «nada de sig­ni­fi­ca­tivo» evo­luir nesta ma­téria.

Des­culpas de mau pa­gador

O de­bate voltou a ser disso tes­te­munho, com o PS, através do de­pu­tado Fer­nando Anas­tácio, a re­co­nhecer que as forças e ser­viços de se­gu­rança estão ex­cluídos do re­gime geral, mas a atri­buir essa au­sência à «es­pe­ci­fi­ci­dade das suas fun­ções» e a con­si­derar que o di­ploma co­mu­nista «não atende a estas es­pe­ci­fi­ci­dades».

Já do lado das ban­cadas mais à di­reita do he­mi­ciclo, apesar das pa­la­vras de con­cor­dância quanto ao di­ag­nós­tico dos pro­blemas, so­bre­pe­saram as jus­ti­fi­ca­ções que so­aram a pre­texto para não anuir às me­didas pre­co­ni­zadas no di­ploma co­mu­nista. «O PCP tem razão no ob­jec­tivo, na de­núncia da falta de con­di­ções de saúde e se­gu­rança», disse, por exemplo, Vânia Dias da Silva, do CDS, que alegou porém dis­cor­dância quanto à «forma» de o «al­cançar» e «re­servas» quanto às pro­postas con­cretas e ao seu «im­pacto fi­nan­ceiro», além de uma su­posta «falta de aus­cul­tação».

Por seu lado, Rui Cruz, do PSD, em­bora ad­mi­tindo que a si­tu­ação dos pro­fis­si­o­nais «não é sus­ten­tável», disse que «é certo que já há di­reitos e ga­ran­tias» con­tem­plados por le­gis­lação dis­persa.

«Des­culpas de mau pa­gador», con­trapôs Jorge Ma­chado des­mon­tando o pa­la­vreado de todos aqueles que, em sua opi­nião, ti­nham à par­tida apenas em mira «chumbar a ini­ci­a­tiva le­gis­la­tiva e não pro­mover qual­quer me­lhoria».

Ig­norar pro­blemas

O de­pu­tado co­mu­nista re­futou, no­me­a­da­mente, a afir­mação de que não tinha ha­vido aus­cul­tação nem par­ti­ci­pação das forças e ser­viços de se­gu­rança, ca­ta­lo­gando-a de «men­tira». «Na cons­trução do di­ploma o PCP ouviu as es­tru­turas re­pre­sen­ta­tivas das forças e ser­viços de se­gu­rança, pro­mo­vendo reu­niões, au­di­ções pú­blicas. Se os res­tantes grupos par­la­men­tares não ou­viram nin­guém sobre esta ma­téria, essa é uma res­pon­sa­bi­li­dade sua e não do PCP que fez o seu tra­balho», de­clarou.

Sim­ples­mente «ri­dí­cula», assim ad­jec­tivou, por outro lado, a ideia de que «já existem me­ca­nismos nas forças e ser­viços de se­gu­rança» re­la­ci­o­nadas com a pre­venção da se­gu­rança e saúde no tra­balho. É que, su­bli­nhou, o que existe hoje é «os­ten­si­va­mente in­su­fi­ci­ente para as ne­ces­si­dades».

«PSD e CDS acusam muitas vezes o PCP de apoiar o Go­verno que não re­solve este ou aquele pro­blema. Hoje fica claro que são eles quem apoia o Go­verno para não re­solver pro­blemas con­cretos em ma­té­rias fun­da­men­tais para a vida dos tra­ba­lha­dores», anotou, por fim, Jorge Ma­chado.

Pro­postas justas e ne­ces­sá­rias

O es­ta­be­le­ci­mento de con­di­ções de saúde e se­gu­rança no tra­balho cons­titui, na pers­pec­tiva do PCP, um ele­mento chave não só para a me­lhoria do ser­viço pú­blico pres­tado pelos pro­fis­si­o­nais das di­fe­rentes forças e ser­viços de se­gu­rança, como também para a pre­venção dos riscos pro­fis­si­o­nais e o com­bate à si­nis­tra­li­dade la­boral.

Daí que no seu pro­jecto de lei, entre ou­tras me­didas, o Grupo co­mu­nista ti­vesse avan­çado com a cri­ação de me­ca­nismos de iden­ti­fi­cação e ava­li­ação dos riscos pro­fis­si­o­nais, vi­sando a adopção obri­ga­tória de me­didas de com­bate e pre­venção desses riscos.

O in­cre­mento de me­ca­nismos de «in­for­mação e for­mação» é outra linha de tra­balho pre­co­ni­zada no di­ploma, tal como é, por exemplo, sempre com o en­vol­vi­mento dos res­pec­tivos pro­fis­si­o­nais, a cri­ação de um con­junto de «obri­ga­ções e di­reitos» na área da saúde e se­gu­rança no tra­balho.




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