«O Rei Lear» reeditado pela Página a Página
A mais recente edição de «O Rei Lear», do dramaturgo William Shakespeare, com tradução, ilustrações e notas de Álvaro Cunhal, foi publicada de novo pela Página a Página e apresentada quinta-feira, 25, no Centro de Trabalho Vitória do PCP, em Lisboa.
Na sessão, Bruno Bravo, actor e encenador que levou a peça ao Teatro Nacional Maria II em 2017, destacou o facto de a tradução de Álvaro Cunhal daquela obra – no isolamento do Estabelecimento Prisional de Lisboa, na década de 50 do século passado – ser de uma elevadíssima qualidade, o que demonstra o domínio da língua de partida e de chegada, o conhecimento profundo de Shakespeare, dos seus textos e versões, bem como dos estudos sobre o poeta, dramaturgo e actor inglês.
Sobre a peça e razão de Álvaro Cunhal ter optado por fazer a tradução de «O Rei Lear», Bruno Bravo adiantou algumas hipóteses: a dimensão política da peça, o papel da verdade e da mentira, o retrato da condição humana e o que é necessário para o Homem continuar a ser Homem. Recorreu à fala de Edgar, com que termina a peça, para ilustrar a actualidade da obra: «Temos de obedecer à corrente destes tristes tempos; dizer o que sentimos, não o que deveríamos dizer».