Avançar e não andar para trás!

Francisco Lopes (Membro da Comissão Política)

Neste mês de Se­tembro de 2018, pas­sados quase três anos na nova fase da vida po­lí­tica na­ci­onal, a re­a­li­dade evi­dencia quanto foi im­por­tante o que se im­pediu, o que se de­fendeu, repôs e con­quistou.

O PCP não se deixa con­di­ci­onar por ame­aças de ne­nhum tipo

Mas mostra, também, as con­tra­di­ções, os pro­blemas que per­sistem, as me­didas que faltam, as de­ci­sões po­si­tivas pro­te­ladas, os com­pro­missos as­su­midos e dis­si­mu­la­da­mente ou ex­pli­ci­ta­mente des­res­pei­tados, as op­ções do PS ao ser­viço do grande ca­pital e a sub­missão ao euro e às im­po­si­ções da União Eu­ro­peia ex­pressas na sua con­ver­gência em as­pectos es­sen­ciais com o PSD e o CDS. E evi­dencia de forma cada vez mais ní­tida a ne­ces­si­dade de uma outra po­lí­tica, da po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda sem a qual não há efec­tiva res­posta aos pro­blemas na­ci­o­nais e da luta pela sua con­cre­ti­zação que não é con­tra­di­tória com o apro­vei­ta­mento até ao li­mite da ac­tual re­lação de forças para im­pedir re­tro­cessos e con­ti­nuar a pro­gredir.

Nada do que se al­cançou foi ofe­re­cido, tudo foi con­se­guido com per­sis­tência e de­ter­mi­nação pela luta dos tra­ba­lha­dores e do povo e pela in­ter­venção do PCP. Assim con­ti­nuará a ser. Os pró­ximos tempos vão ser exi­gentes.

A mo­bi­li­zação dos tra­ba­lha­dores e do povo é ele­mento de­ci­sivo, de­fi­nindo os ob­jec­tivos com rigor, não dando tiros nos pés, nem apon­tando alvos er­rados, adop­tando as formas de luta ade­quadas, não res­va­lando para a pro­vo­cação, com­ba­tendo a apatia e o aten­tismo.

A luta rei­vin­di­ca­tiva por mais sa­lário, ho­rá­rios dignos, em­prego com di­reitos, me­lhores con­di­ções de tra­balho, as­so­ciada à exi­gência da re­vo­gação das normas gra­vosas da le­gis­lação la­boral aí está na ordem do dia, a partir dos lo­cais de tra­balho, das em­presas e sec­tores. A luta pela de­fesa e va­lo­ri­zação dos ser­viços pú­blicos, por me­lhores pen­sões, pelos di­reitos das cri­anças e pais, a partir das mais di­versas ac­ções impõe-se. E todas estas lutas as­so­ciam-se na luta con­ver­gente que exige uma nova po­lí­tica para res­ponder aos pro­blemas na­ci­o­nais.

Vá­rios ter­renos de luta

Nos pró­ximos tempos ten­tarão cen­trar todas as aten­ções no Or­ça­mento do Es­tado, que tem im­por­tância, mas está longe de ser o único ter­reno de luta, porque, desde logo na luta rei­vin­di­ca­tiva de todos os dias, no con­fronto entre o ca­pital e o tra­balho, os tra­ba­lha­dores re­sistem e al­cançam vi­tó­rias.

Ao mesmo tempo, como já acon­teceu, apa­re­cerão afir­ma­ções do tipo ou aceitam o Or­ça­mento como o Go­verno PS quer ou ha­verá elei­ções an­te­ci­padas, pen­sando al­guns que tais pa­la­vras se­riam um gé­nero de ameaça. Como se essa pos­si­bi­li­dade pu­desse in­ti­midar o PCP e li­mitar a sua de­cisão so­be­rana as­sente na sua in­de­pen­dência de classe e no seu com­pro­misso com os tra­ba­lha­dores e o povo.

Nos pró­ximos tempos é pre­ciso avançar e não andar para trás. E avançar é avançar mesmo, não é fazer de conta.

Esse é o sen­tido da luta, tanto mais im­por­tante quando se sabe, como a prá­tica dos úl­timos anos de­monstra, que é com o pros­se­gui­mento da eli­mi­nação dos cortes, da re­po­sição de sa­lá­rios pen­sões e di­reitos, de au­mento do poder de compra que se con­segue não só a me­lhoria das con­di­ções de vida, mas também a cri­ação de em­prego, o cres­ci­mento eco­nó­mico e o de­sen­vol­vi­mento do País.

Mais força ao PCP, in­ten­si­ficar a luta é o ca­minho para levar mais longe a de­fesa, re­po­sição e con­quista de di­reitos, para con­cre­tizar a al­ter­na­tiva, uma po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda e o go­verno que a aplique.

E, sobre o PCP, muito dis­seram, dizem e vão con­ti­nuar a dizer e também muito ou ainda mais podem si­len­ciar, mas na ver­dade o PCP pros­segue a sua acção e não há di­zeres ou si­len­ci­a­mentos que possam im­pedir que cumpra o seu papel e o seu com­pro­misso de sempre com os tra­ba­lha­dores e o povo.




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