Ano novo, vida nova
Se há acontecimento que marcou a semana das famílias com crianças e jovens em idade escolar foi o início do ano lectivo, que implica acertar rotinas e quotidianos, comprar materiais, organizar horários, numa planificação cada vez mais complexa.
Nervosismos e saudades das férias à parte, a verdade é que cada novo ano lectivo deixa a nú uma enorme contradição: entre o entusiasmo de aprender, descobrir, crescer, fazer amigos num sistema educativo que tem raízes na revolução de Abril, e a pressão, a desilusão e a ansiedade de uma escola cronicamente sub-financiada e atacada no seu carácter público, gratuito e de qualidade.
Há muito a fazer e muito por que lutar para que a escola de Abril seja tudo o que pode, deve e o País precisa que seja: na valorização dos profissionais da educação, na acção social escolar, na aproximação às necessidades de aprendizagem de crianças e jovens, na melhoria das condições materiais e humanas. Duas novidades deste ano, com a marca do PCP, são exemplo de que é possível avançar e melhorar a escola mesmo num quadro contraditório como o que vivemos: menos alunos por turma, e mais de meio milhão de crianças com manuais escolares gratuitos até ao 6.º ano.
Mas também há muito a fazer e por que lutar fora da escola, com reflexos directos na escola: para que os pais das crianças e dos jovens tenham emprego, estável e com direitos, horários e salários dignos, contratação colectiva. Para que os transportes sejam serviço público e a habitação um direito. Para que o direito das crianças ao tempo livre, a brincar, à cultura e ao desporto, ao convívio com a família, à vida ao ar livre, sejam respeitados. E isso não se faz com fogachos e declarações de princípio: faz-se com valorização dos salários, redução do tempo de trabalho, combate à precariedade, serviços públicos de qualidade. É uma luta que continua!