O colapso da UE
A União Europeia está em colapso e, como no passado (veja-se o hiato entre as duas Guerras Mundiais), ninguém, dos poderes instituídos, parece aperceber-se da aproximação ou das consequências desse colapso.
Angela Merkel, chanceler alemã há 13 anos e líder das «políticas de resgate» impostas na UE desde 2011/12 pela avidez arrogante da democracia-cristã partilhada pela social-democracia, afirmou há dias que o futuro da União Europeia depende da resposta que dermos às questões vitais colocadas pelas migrações.
Provavelmente, nem Merkel se aperceberá do certeiro alcance da sua afirmação.
Recordando que as migrações massivas dos países do Norte de África para a Europa se deu depois de as potências militares da UE e os EUA terem semeado as «primaveras árabes» e destruído vários países no Norte de África, o que ora interessa é que a proposta saída da reunião dos chefes de governo da UE nos passados dias 28 e 29 de Junho para debater as migrações – proposta liderada e subscrita por Merkel –, não só foge ao problema, como o agrava seriamente.
O que propõe a magna conferência? A criação de novos «centros de controlo» para refugiados nos países de chegada (Itália, Grécia, Espanha, pois claro) ou noutros países que, «seguindo um princípio de solidariedade», se proponham acolher estes centros.
Trata-se de uma cedência à extrema-direita que já está instalada em governos da UE (Hungria, Polónia, Áustria, Itália, Bulgária, países bálticos e o que mais se verá), que de nada adiantará, como tragicamente prova o período entre guerras mundiais - apenas escancara o caminho à progressão da ideologia nazi-fascista pelas instituições democrático-burguesas da UE.
Parafraseando Marx, a História repete-se, mas em farsa.
O descontentamento social cresce com a degradação da qualidade de vida e a miséria e os populismos têm caminho aberto para prosperar nesta estagnação.
A única saída de autoperservação da União Europeia será acabar, rapidamente, com a ditadura gananciosa e estúpida das «dívidas soberanas» impagáveis e impostas aos «países do Sul», mas que também tem consequências sociais nos chamados países ricos, devido ao atarrachamento contínuo dos direitos dos cidadãos e ao alastramento imparável do descontentamento.
Acresce que não é de «políticos» salvíficos que a UE necessita, mas de uma nova política que institua, finalmente, a solidariedade e o bem-estar geral dos diversos povos nela inseridos.
Quando é que o PS e o Governo de Costa percebem isto?