Coincidências

Margarida Botelho

Amanhã discutem-se na Assembleia da República importantes projectos sobre legislação laboral: a proposta do Governo que dá substância ao acordo com patrões e UGT, e os seis projectos-lei do PCP a repor e reforçar direitos dos trabalhadores.

Dentro da Assembleia e cá fora, na concentração convocada pela CGTP-IN, estão em discussão duas visões opostas: a dos que querem puxar a roda da história para trás, para a exploração e o retrocesso dos direitos dos trabalhadores, e a dos que escolhem lutar pela valorização do trabalho e dos trabalhadores. É um dia muito relevante e importante para o povo português, em que cada partido assume de que lado está e os orgãos de comunicação social deviam exercer o seu dever de informar e esclarecer com a seriedade e profundidade que a questão merece.

No mesmo dia, o PAN agendou um projecto-lei a propor a proibição das touradas em Portugal. Claro que os partidos são livres de agendar os temas que entenderem no Parlamento, no quadro das prioridades que definem. Mas também devem estar preparados para aceitar as ilações que o povo retire dessas opções.

Será só coincidência a escolha deste dia e deste tema? Assuntos ditos «fracturantes» têm sido usados e abusados para ocultar aspectos estruturantes da vida política nacional, para camuflar opções negativas para os trabalhadores e o povo, para gerar falsas divisões na sociedade portuguesa. O dia de amanhã é só mais um exemplo destas... coincidências.




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