PCP evoca 170 anos do Manifesto como «instrumento de combate»

COMPROMISSO O PCP tudo fará para continuar a honrar o projecto comunista, cumprindo as suas responsabilidades, reafirmou Jerónimo de Sousa na evocação dos 170 anos do Manifesto do Partido Comunista.

Ler o Manifesto é uma necessidade e a melhor forma de o evocar

 

A sessão evocativa da primeira publicação do Manifesto, em Fevereiro de 1848, teve lugar na noite de sexta-feira, dia 6, no repleto salão de festas da Incrível Almadense, e inseriu-se no programa das comemorações do segundo centenário do nascimento de Karl Marx, que o PCP está a promover durante este ano.

Na apresentação da sessão foi destacado que estas comemorações, iniciadas com uma conferência na Voz do Operário, a 24 e 25 de Fevereiro, terão como outros pontos altos um comício no Porto, a 5 de Maio (dia de aniversário de Karl Marx), e uma presença importante na próxima Festa do Avante! (7 a 9 de Setembro).

Antes da intervenção do Secretário-geral do PCP, entraram em palco Andreia Egas, Fernando Jorge Lopes, Mara Martins e Maria Frade, que leram oito poemas de

Nazim Hikmet, Agostinho Neto, Sophia de Mello Breyner Andresen, Bertolt Brecht, Armindo Rodrigues, Vladimir Maiakosvki e António Aleixo.

Foi ainda exibido um filme, a partir da leitura de excertos do Manifesto, realizado por alunos do curso técnico de Multimédia, da Escola Secundária Francisco Simões (Laranjeiro, Almada).

De olhos postos no futuro

Jerónimo de Sousa, a concluir uma intervenção de cerca de trinta minutos (de que publicamos alguns excertos na página seguinte), observou que seria «contrário à essência do materialismo dialéctico e histórico não reconhecer nem ter em conta as profundas alterações verificadas no mundo desde o tempo do Manifesto e pretender encontrar nele ou, em geral, no acervo marxista a resposta pronta para os problemas do mundo contemporâneo».

«Sim, o mundo mudou muito, mas não mudou a natureza exploradora do capitalismo e a exigência da sua superação revolucionária», salientou Jerónimo de Sousa. Frisou que «o desenvolvimento do capitalismo, a época da passagem do capitalismo ao socialismo inaugurada pela Revolução de Outubro, a globalização imperialista, a centralização e concentração sem precedentes do capital, a crescente polarização social, tudo isto significa que as condições materiais objectivas para a passagem ao socialismo estão cada vez mais maduras». Mas, ressalvou, «o capitalismo não cairá por si», «a sua superação exige a intervenção revolucionária da classe operária e das massas, exige a intervenção de fortes partidos comunistas e o fortalecimento da sua cooperação e solidariedade internacionalista, levando à prática a célebre palavra de ordem do Manifesto, “Proletários de todos os países, uni-vos!”».

Reconhecendo que «o Manifesto tem naturalmente as marcas do seu tempo», Jerónimo de Sousa notou que «nele encontraremos não apenas a recusa das fatalidades do actual viver social e a rejeição das verdades absolutas e eternas, no seu dialéctico olhar e apreender do Mundo, mas também o incitamento à audácia do pensamento e da acção».

«Ler e reler o Manifesto é ainda a melhor forma da sua evocação e uma necessidade para quem luta com olhos postos no futuro», afirmou o Secretário-geral do Partido, precisando que «ele está presente como instrumento de combate, não como uma receita, mas como uma permanente interpelação, como um desafio sistemático à necessidade de apreender a realidade do capitalismo dos nossos dias e as suas contradições; como um apelo persistente à avaliação das nossas experiências e das experiências alheias, lá, onde há vitórias, mas também onde a derrota ou revés se impôs, para de umas e de outras tirar lições e continuar a luta, como fizeram os seus próprios autores perante os acontecimentos da Comuna de Paris e fazemos hoje face às derrotas da Revolução de Outubro».

Hoje, «o Manifesto é um chamamento a tomar partido, com o Partido da classe operária e de todos os trabalhadores, cada vez mais robustecido, na transformação revolucionária da sociedade e na construção de mundo liberto de exploração e opressão capitalistas – um chamamento à luta pela emancipação dos trabalhadores e dos povos».

«Comemoramos 170 anos do Manifesto reafirmando o compromisso do PCP com o projecto comunista», que o PCP «tudo fará para continuar a honrar, cumprindo as suas responsabilidades nacionais e internacionais de grande força da liberdade, da democracia, do progresso social, do socialismo, ao serviço dos trabalhadores, do povo e do País».


Os primeiros

Jerónimo de Sousa começou por recordar que a publicação do Manifesto do Partido Comunista, há 170 anos, «foi uma incumbência do II Congresso da Liga dos Comunistas», «a designação que, por influência de Marx e Engels, substituiu a Liga dos Justos, adoptando como sua divisa “Proletários de todos os países, uni-vos!”, apelo que expressava o internacionalismo da classe operária na sua luta comum para pôr fim à dominação e exploração capitalistas».

Naquele congresso, «em que Marx e Engels participaram activamente», foram aprovados os Estatutos, que «definiam como objectivo da Liga o derrubamento da burguesia, a superação do capitalismo e a fundação de uma nova sociedade sem classes e sem propriedade privada dos principais meios de produção e liberta de instrumentos de exploração».

«Estava constituída assim a primeira organização operária internacional dotada de um programa científico e de uma táctica política revolucionária, inspirando e unindo o movimento operário de todos os países», o que significou «um projecto de afirmação autónoma e um programa que partiam de uma rigorosa análise da realidade e da sociedade capitalista do seu tempo e das suas contradições».




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