Forte greve na IP pelos salários respondeu à intransigência
RESPONSABILIDADE A greve por aumentos salariais intercalares na Infra-estruturas de Portugal, na segunda-feira, dia 12, teve uma adesão muito elevada e poderia ter sido evitada pela administração.
O aumento salarial não deve esperar que se chegue a acordo no ACT
«Os trabalhadores das empresas do universo da IP (IP Infra-estruturas de Portugal, IP Engenharia, IP Telecom e IP Património) estão hoje a dar uma forte resposta à intransigência da administração destas empresas, que se recusou a encontrar uma solução para evitar a greve e o agravamento do conflito», comentou a Fectrans/CGTP-IN, ao início da tarde de segunda-feira.
A federação, que, através do seu Sindicato dos Ferroviários, foi uma das doze estruturas sindicais que promoveram a greve, informou que «todas as áreas de actividade da IP, relativas com a gestão de infra-estruturas ferroviárias, como das rodoviárias, estão a ser fortemente afectadas pela elevada adesão dos trabalhadores à greve». Em declarações aos jornalistas, ao fim da manhã, na Estação de Santa Apolónia, o coordenador da Fectrans, José Manuel Oliveira, tinha estimado um nível de adesão superior a 90 por cento, no sector ferroviário (antiga Refer), e próximo desse número no sector rodoviário (antes Estradas de Portugal).
Um aumento salarial intercalar, face às perdas acumuladas pelos trabalhadores devido a não terem actualização salarial desde 2009, justifica-se pelo facto de se esperar que ainda se prolongue a negociação do acordo colectivo de trabalho, que deverá harmonizar as realidades muito diferentes que foram fundidas para dar origem à IP, explicou o dirigente. Os representantes dos trabalhadores defendem que seja adoptada uma solução como a alcançada na CP. Nesse sentido fizeram propostas ainda no sábado, mas a administração da IP não as quis considerar.
Como «exemplos da enorme adesão dos trabalhadores», a Fectrans referiu: o encerramento dos serviços da gestão regional da IP nos distritos de Viana, Braga, Vila Real, Leiria e Faro, bem como de serviços de atendimento ao público; o funcionamento do Centro de Controlo de Tráfego nas estradas assegurado, de manhã, apenas por um chefe e um operacional; a greve total no controlo das câmaras de vigilância do túnel do Marão; a operação limitada aos serviços mínimos (cuja legalidade os sindicatos contestaram) nas infra-estruturas ferroviárias (brigadas de via, catenária e sinalização, os dois centros de comando operacional e vários postos de comando locais).
Fizeram greve trabalhadores dos diversos vínculos laborais e categorias profissionais.
A federação regista, entre os «efeitos mais visíveis e imediatos» da adesão à greve, a supressão da circulação ferroviária da CP, da Fertagus, da Medway e da Takargo, limitada às circulações referenciadas como serviços mínimos e, mesmo estas, nem todas.
Lamentando «os incómodos sentidos pelos utentes e pela população», a Fectrans afirma que «a responsabilidade cabe ao Governo e à administração da IP, que não quiseram analisar as propostas dos sindicatos».
Para ontem, quarta-feira, foi marcada uma reunião dos sindicatos promotores da greve, em conjunto com a Comissão de Trabalhadores da IP, «para fazer o balanço da greve e decidir as próximas acções».