Unidos como os dedos da mão
O que fazem na mesma iniciativa Carlos Saraiva, presidente da CIP, Carlos Silva, Secretário-geral da UGT e Assunção Cristas, presidente do CDS? Atacam o PCP, destilam ódio contra os comunistas e o movimento sindical unitário para dividir os trabalhadores, atingir os seus direitos e defender os interesses do grande capital.
Foi o que aconteceu num debate inserido nas Jornadas Parlamentares do CDS no distrito de Setúbal. O tema foi a Autoeropa e o conflito laboral resultante da imposição da multinacional Wolksvagen de um novo horário de trabalho, onde o sábado desaparece como dia de descanso semanal.
Na sua intocável redoma mediática, que lhe permite passar pelos intervalos da chuva como se não tivesse feito parte do último governo (com o PSD) com pastas tão importantes como a da agricultura, da economia ou da segurança social, o CDS lá vai branqueando as responsabilidades e apagando o rasto da política de exploração e empobrecimento que promoveu. É vê-lo falar dos incêndios, da falta de investimento na saúde, do emprego, para se perceber até onde pode ir, com a ajuda da comunicação social, a hipocrisia e a manipulação política.
Na iniciativa em que CIP, UGT e CDS apareceram de braço dado, não faltaram os alertas sobre uns ditos «agitadores profissionais», o fantasma da «revolução de 1917», ou a denúncia de um «vírus» que a CGTP-IN introduziu na empresa. Expressões a lembrar tempos sombrios da longa noite fascista, quando e sempre os interesses dos monopólios eram postos em causa pela luta dos trabalhadores.
A resistência à forma como várias multinacionais estão a tentar eliminar o sábado como dia de descanso semanal está a ser transformada, numa campanha mediática de grande alcance, numa perversa tentativa do PCP de destruir empresas. Uma campanha indigna e miserável que procura em primeiro lugar dividir os trabalhadores e enfraquecer a sua luta, mas que tem como objectivo estratégico enfraquecer e destruir o PCP, alcançando aquilo que nem o fascismo alcançou.