118,8 milhões

Filipe Diniz

Como estamos mais perto, merecerá a pena consultar dados sobre o Europa 2020, o documento que orienta a UE no sentido de uma «Europa» «inteligente, sustentável e inclusiva».

Em sete dos nove objectivos (gases com efeito de estufa; energias renováveis; consumo primário e final de energia; abandono escolar precoce; nível terciário de educação; investimento em I&D) há um avanço, independentemente da eventual modéstia dos objectivos colocados. É certo que o Europa 2020, aprovado em 2010, tomava como valores de partida os de 2008 e que em 2010 estes já tinham sido superados nas sete áreas referidas. Em 2010 o nível de desemprego era maior do que em 2008, a percentagem de pessoas em risco de pobreza ou exclusão social era igual a 2008. E é nessas duas áreas críticas do ponto de vista social que o Europa 2020 encalha, o que não admira. Quanto ao emprego, apenas em 2015 superou, e muito pouco, os níveis de 2008. No que diz respeito à pobreza, a situação é pior em 2016 do que era em 2008: 118,8 milhões na UE28, um aumento de quase cinco milhões.

A UE pode estar mais «inteligente e sustentável», seja o que for que isso quer dizer. Mas está ainda menos «inclusiva» e mais desigual. Nos documentos em que aborda a questão encontra-se pérolas: «É geralmente considerado que alguma desigualdade pode promover incentivos ao investimento em capital humano, promover a mobilidade e estimular a inovação. Os incentivos económicos […] assentam na possibilidade de um indivíduo alcançar melhores resultados através do seu próprio trabalho árduo». Ou ainda: «A desigualdade de oportunidades […] é uma mistura de (i) as oportunidades concedidas a cada indivíduo à nascença, (ii) as escolhas que ele ou ela fizeram na vida, e (iii) sorte» (https://ec.europa.eu/info/sites/info/files/file_import/european-semester_thematic-factsheet_addressing-inequalities_en.pdf).

É em coisas destas que se vê a «inteligência» e a «sustentabilidade» da UE dos monopólios.

 



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