Lutar pela Paz!
Estas duas votações na ONU representam um revés político para os EUA
A apresentação na Assembleia-geral das Nações Unidas de uma resolução que se demarca, mesmo que sem explicitação directa, da decisão dos EUA de reconhecerem Jerusalém como capital de Israel, assim como o resultado da sua votação – 128 votos a favor; 9 contra; 35 abstenções; sendo que 21 países não participaram na votação – assumem, pelas circunstâncias em que tiveram lugar e no actual momento internacional, um importante significado político.
Tão mais significativo é este resultado, quando esta resolução foi apresentada na sequência de um veto norte-americano a uma resolução com conteúdo similar no Conselho de Segurança da ONU, e quando a sua votação na Assembleia-geral foi acompanhada por ameaças e chantagens dos EUA sobre diversos países – todo um comportamento que coloca a nu a forma instrumental como os EUA encaram as Nações Unidas, assim como as suas reais intenções quanto à «reforma» desta.
Poder-se-á, e bem, afirmar que não é a primeira vez que os EUA apoiam «isoladamente» a política sionista de Israel na ONU (como agora e de novo aconteceu na votação no Conselho de Segurança). No entanto, o que neste momento importa sublinhar é que o motivo directo da recente votação na ONU não é um novo acto ilegal ou crime perpetrado por Israel, mas o explícito apoio dos EUA ao colonialismo sionista que ocupa ilegalmente territórios da Palestina e oprime brutalmente o povo palestiniano.
Aliás, foram os próprios EUA que, pela sua arrogante e ameaçadora atitude, transformaram a resolução e a sua votação num autêntico libelo perante o seu descarado suporte à política de ocupação israelita, ampliando ainda mais o significado político daquela.
Sem dúvida que as votações no Conselho de Segurança e na Assembleia-geral das Nações Unidas contêm elementos contraditórios. Para além dos países que apoiam genuína e solidariamente a justa causa do povo palestiniano e o cumprimento do direito internacional, outros houve que – percebendo o custo político e o aventureirismo do acompanhamento da perigosa provocação norte-americana – procuraram salvar a sua face, escamoteando com o seu voto anos de complacência, cumplicidade e conivência com a violenta ocupação israelita. Mas, não deixando de ter presente esta realidade, estas duas votações na ONU representam um revés político para os EUA.
Um revés que demonstra o quanto o imperialismo norte-americano está apostado na criação e manutenção de um permanente estado de tensão e guerra latente – incrementando uma imensa corrida aos armamentos e a militarização das relações internacionais, promovendo a ingerência, a ameaça, a provocação e a agressão contínuas, e arrastando na sua estratégia os seus «aliados», incluindo na NATO ou o Japão –, de modo a tentar contrariar o seu declínio económico relativo e impedir a emergência de novos países na cena internacional.
Uma estratégia belicista – reafirmada na recentemente divulgada «Estratégia de Segurança Nacional» norte-americana – que coloca a exigência da mais ampla convergência na defesa da paz, do desarmamento universal, simultâneo e controlado, nomeadamente do desarmamento nuclear, do direito à auto-determinação dos povos e da soberania e independência dos estados, na solidariedade com os povos vítimas da ingerência e agressão do imperialismo.