Estatuto de Jerusalém rejeitado apesar das ameaças dos EUA
A Assembleia Geral (AG) das Nações Unidas declarou «nulo e sem efeito» o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel por parte dos EUA. A resolução apresentada faz hoje uma semana por um grupo de países árabes e islâmicos foi aprovada por 128 países num total de 172 membros presentes na reunião extraordinária. Somente sete países votaram ao lado dos EUA e de Israel, enquanto que 35 optaram pela abstenção.
Embora careça de carácter vinculativo, a aprovação do texto aprofunda o isolamento israelo-norte-americano e é tanto mais significativa quanto se sabe que Washington ameaçou tomar «boa nota» dos países que se colocassem ao lado da causa palestiniana.
O governo norte-americano terá mesmo enviado a 180 dos 193 países que integram a ONU uma carta em que materializa a intenção de castigar aqueles que contrariem as suas directrizes.
Entre os países que se colocaram ao lado da Casa Branca estão as Honduras, cujo novo presidente foi reconhecido a semana passada pelos EUA apesar das provas de fraude eleitoral (ver página 24), e a Guatemala, o primeiro país a reconhecer oficialmente Jerusalém como capital de Israel.
A Autoridade Nacional Palestiniana, por seu lado, considerou que a votação na AG das Nações Unidas «reafirma que a justa causa dos palestinianos é apoiada pelo Direito Internacional», e garantiu que «vamos continuar os nossos esforços na ONU e em outros fóruns internacionais para acabar com a ocupação e criar um Estado palestiniano com a capital em Jerusalém Oriental».
Em Jerusalém Leste, na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, os protestos contra a ocupação continuam. Desde que o presidente norte-americano anunciou o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel, a 6 de Dezembro, os sionistas já mataram 12 palestinianos e fizeram centenas de detenções.
A organização Defesa Internacional de Crianças Palestinianas alertou que 128 crianças palestinianas foram detidas pelos israelitas e mais de 340 foram feridas nos confrontos com os ocupantes. A ONG acusou ainda as forças armadas de Telavive de «ignorarem abertamente a regulamentação para abrir fogo e o direito internacional», desfrutando de «total impunidade na sua conduta ilegal».