Ladrões da memória e de muito mais…
A discussão da proposta de Orçamento do Estado para 2018 está a chegar ao fim. Aprovada na generalidade, a proposta recebeu mais de 600 propostas na «especialidade» provenientes dos grupos parlamentares. Até aqui tudo bem, não fosse essa coisa espantosa de PSD e CDS se apresentarem propondo muito do que a sua prática desmentiu ao longo dos anos.
Os que se preparavam para cortar mais de 600 milhões de euros nas pensões aparecem agora a propor aumentos superiores aos que a luta e a intervenção do PCP possibilitou de avanço em 2017 e 2018. Os que reduziram o número de efectivos na administração pública até ao osso são agora os campeões das novas contratações para o Estado. Os que estrangularam o investimento público reclamam agora respostas que vão da ferrovia aos hospitais. Os que esmagaram fiscalmente os trabalhadores e as PME são agora os paladinos do desagravamento fiscal. Os que abandonaram e desertificaram grande parte do País são os que estão agora preocupados com o «interior». O leque de propostas apresentado é um puro exercício de cinismo político, tal como cínica é a sua dita preocupação com os trabalhadores do sector privado face aos avanços que têm sido alcançados na reposição de remunerações, horários de trabalho e direitos na administração pública. Tudo isto sem que nada lhes seja cobrado, sem que nenhum dos muitos comentadores que inundam as televisões os questione sobre os reais objectivos de tal estratégia.
O que está por detrás desta encenação não é um qualquer acto de contrição face a opções passadas e muito menos uma genuína preocupação em resolver problemas que existem e dos quais são (tal como o PS) em larga medida responsáveis. O truque é o de sempre. Apagar o rasto das suas políticas e procurar criar dificuldades na concretização de um Orçamento que contém avanços, insuficientes e limitados como sabemos, mas ainda assim avanços que contrastam com a brutalidade dos últimos quatro anos em que estiveram no governo.