Ladrões da memória e de muito mais…

Vasco Cardoso

A dis­cussão da pro­posta de Or­ça­mento do Es­tado para 2018 está a chegar ao fim. Apro­vada na ge­ne­ra­li­dade, a pro­posta re­cebeu mais de 600 pro­postas na «es­pe­ci­a­li­dade» pro­ve­ni­entes dos grupos par­la­men­tares. Até aqui tudo bem, não fosse essa coisa es­pan­tosa de PSD e CDS se apre­sen­tarem pro­pondo muito do que a sua prá­tica des­mentiu ao longo dos anos.

Os que se pre­pa­ravam para cortar mais de 600 mi­lhões de euros nas pen­sões apa­recem agora a propor au­mentos su­pe­ri­ores aos que a luta e a in­ter­venção do PCP pos­si­bi­litou de avanço em 2017 e 2018. Os que re­du­ziram o nú­mero de efec­tivos na ad­mi­nis­tração pú­blica até ao osso são agora os cam­peões das novas con­tra­ta­ções para o Es­tado. Os que es­tran­gu­laram o in­ves­ti­mento pú­blico re­clamam agora res­postas que vão da fer­rovia aos hos­pi­tais. Os que es­ma­garam fis­cal­mente os tra­ba­lha­dores e as PME são agora os pa­la­dinos do de­sa­gra­va­mento fiscal. Os que aban­do­naram e de­ser­ti­fi­caram grande parte do País são os que estão agora pre­o­cu­pados com o «in­te­rior». O leque de pro­postas apre­sen­tado é um puro exer­cício de ci­nismo po­lí­tico, tal como cí­nica é a sua dita pre­o­cu­pação com os tra­ba­lha­dores do sector pri­vado face aos avanços que têm sido al­can­çados na re­po­sição de re­mu­ne­ra­ções, ho­rá­rios de tra­balho e di­reitos na ad­mi­nis­tração pú­blica. Tudo isto sem que nada lhes seja co­brado, sem que ne­nhum dos muitos co­men­ta­dores que inundam as te­le­vi­sões os ques­tione sobre os reais ob­jec­tivos de tal es­tra­tégia.

O que está por de­trás desta en­ce­nação não é um qual­quer acto de con­trição face a op­ções pas­sadas e muito menos uma ge­nuína pre­o­cu­pação em re­solver pro­blemas que existem e dos quais são (tal como o PS) em larga me­dida res­pon­sá­veis. O truque é o de sempre. Apagar o rasto das suas po­lí­ticas e pro­curar criar di­fi­cul­dades na con­cre­ti­zação de um Or­ça­mento que contém avanços, in­su­fi­ci­entes e li­mi­tados como sa­bemos, mas ainda assim avanços que con­trastam com a bru­ta­li­dade dos úl­timos quatro anos em que es­ti­veram no go­verno.




Mais artigos de: Opinião

O que lhes mete medo é a luta

A pro­pó­sito do cen­te­nário da Re­vo­lução de Ou­tubro e do papel de­sem­pe­nhado pelo PCP na nova fase da po­lí­tica na­ci­onal está em curso uma ofen­siva ide­o­ló­gica de grande en­ver­ga­dura contra o PCP.

Reposição do subsídio de Natal

O subsídio de Natal é um direito que, pela luta, os trabalhadores conquistaram há muitos anos e consiste na retribuição adicional de valor igual ao seu salário, a pagar até 15 de Dezembro. Neste sentido, o subsídio de Natal como direito dos trabalhadores e dos...

Um pinheiro de Natal

Em Póvoa de Mosqueiros, Santa Comba Dão, já faz frio. As noites pedem lareiras acesas, mas foi a conversa a propósito dos incêndios, no salão da Associação local, que aqueceu o ambiente da passada sexta-feira. Afirmada a avaliação do Partido sobre...

Médio Oriente

É cada vez mais evidente e irreversível a derrota militar dos EUA e seus aliados na guerra de agressão à Síria. As mais recentes operações militares confirmam o avanço do Exército sírio em alguns dos últimos redutos dos terroristas e...

Poemário

Não deixa de ser curioso e particularmente significativo que justamente no ano em que se comemora o centenário da Revolução de Outubro os dirigentes da União Europeia tenham ido a Gotemburgo, na Suécia, para o que pomposamente designaram de «Cimeira Social sobre equidade no...