Médio Oriente
A situação é potencialmente explosiva e cada vez mais elucidativa
É cada vez mais evidente e irreversível a derrota militar dos EUA e seus aliados na guerra de agressão à Síria. As mais recentes operações militares confirmam o avanço do Exército sírio em alguns dos últimos redutos dos terroristas e mercenários, com a conquista de posições na província de Hama (zona centro-Oeste, a Norte de Damasco), onde foram conquistadas as localidades de Harran e Hardana, e na província de Dayr al-Zawr (Sudeste do País, fronteira com o Iraque) onde as forças de defesa sírias reconquistaram a estratégica cidade de Abu Camal, situada nas margens do Rio Eufrates, uma das importantes praças fortes do DAESH.
Entretanto a «coligação internacional» liderada pelos EUA, concentrada no Nordeste do País, continua a cometer crimes e massacres, ocultados pelos media dominantes, e a desenvolver operações e acordos secretos com os terroristas, como o recentemente divulgado relativo a Raqqa em que as forças militares dos EUA organizaram e protegeram militarmente a fuga de combatentes terroristas do DAESH.
Os esforços diplomáticos com vista a uma solução política intensificam-se. Desenvolve-se contactos entre Rússia, Irão e Turquia com vista à preparação da reunião em Sochi que à data da redacção deste artigo ainda não se realizou (prevista para 22 de Novembro), mas que poderá resultar na abertura de caminhos para, reunidas as condições de segurança, iniciar o diálogo inter-sírio. Por seu lado, os EUA e seus aliados tentam manter alguma iniciativa e condicionar os desenvolvimentos futuros. A apresentação de uma resolução no Conselho de Segurança da ONU para tentar prolongar a manobra sobre o alegado uso de armas químicas pelas forças armadas sírias é um dos exemplos, derrotado pelo veto da Federação Russa mas também pelas revelações recentes de que a utilização de armas químicas terá sido da responsabilidade dos terroristas com ligações aos próprios EUA.
Mas como já escrevemos nestas mesmas páginas, a provável vitória do governo e exército sírios, em aliança com a Federação Russa e o Irão, na guerra que tinha como objectivo dividir o país e aniquilá-lo como nação soberana, não significa nem o fim das manobras do imperialismo e do sionismo, nem dos enormes perigos com que os povos da região estão confrontados. As peças do cada vez mais complexo xadrez político e militar estão a mover-se rapidamente, numa adaptação à nova realidade. Os EUA tentam «olear» um eixo Israel-Arábia Saudita que assuma como alvo o Irão. O objectivo passa por tentar manter uma situação de enorme tensão na região, reabilitar o papel da ditadura saudita e intervir na política de relações comerciais, que está em acelerada transformação. É à luz desta nova realidade que devem ser lidos os recentes acontecimentos como o golpe palaciano na Arábia Saudita; a intensificação da guerra saudita no Iémen; as declarações do ex-primeiro ministro do Qatar e a «demissão»/sequestro do primeiro-ministro libanês a partir da Arábia Saudita, numa clara tentativa desestabilizadora no Líbano que possa justificar uma nova agressão de Israel visando o Hezbollah. A situação é potencialmente explosiva e cada vez mais elucidativa das intenções do imperialismo. Mas simultaneamente é também evidente que os EUA e seus aliados directos estão numa situação reactiva a derrotas pesadas na sua estratégia de domínio na região.