Um dia de salário para o Partido

Alexandre Araújo (Membro do Secretariado)

Face à intensa acção e intervenção desenvolvida, assume uma importância central o reforço do Partido nas suas diversas dimensões, nomeadamente no prosseguimento das medidas para assegurar a sua independência financeira. É neste sentido que aí está para levar tão longe quanto possível a campanha «Um dia de salário para o Partido».

O êxito da campanha reside na capacidade de a levar mais longe

Afirmando a sua identidade comunista e o seu compromisso de sempre com os trabalhadores e o povo português, o PCP desempenha um papel indispensável e insubstituível na sociedade portuguesa. O que coloca como questão central para vencer dificuldades e obstáculos o seu reforço e a sua organização. Assim, as medidas para assegurar a independência financeira (indissociável da independência orgânica, política e ideológica) e aumentar a capacidade financeira do Partido assumem-se como linhas centrais do esforço mais geral para o reforço do Partido.

Nele incluem-se também medidas para a valorização da militância e dos princípios de funcionamento do Partido, o reforço do trabalho de direcção e do trabalho colectivo, a responsabilização de quadros, o recrutamento e integração dos novos militantes, o fortalecimento das organizações nas empresas e locais de trabalho e dos organismos para o trabalho de massas, a dinamização das organizações locais no seguimento das eleições autárquicas e a intensificação do trabalho de propaganda e difusão da imprensa partidária. Garantir a capacidade financeira e o seu aumento é indispensável para que o Partido assegure e reforce, a partir das suas próprias forças e meios, a sua capacidade de intervenção.

Tal como afirma a Resolução Política do XX Congresso, coloca-se como objectivo, no quadro das orientações prioritárias para o trabalho de fundos, «o aumento da capacidade financeira e o equilíbrio financeiro do Partido e das suas organizações, assegurando o aumento das receitas próprias, diminuindo a dependência das organizações dos apoios da caixa central, o peso relativo das receitas de carácter conjuntural e com origem institucional», bem como a «sustentabilidade dos compromissos assumidos, garantindo previamente as necessidades financeiras e os meios próprios para toda a actividade, incluindo as batalhas e campanhas eleitorais, não permitindo que se caia na dependência de subvenções ou se coloque em causa a intervenção futura do Partido».

A par da dinamização da campanha «Um dia de salário para o Partido», importa ter presente as orientações do XX Congresso e assegurar medidas para a sua concretização prática, nomeadamente no que respeita ao aumento das receitas, em particular as que decorem do funcionamento, iniciativa e acção própria do Partido.

Levar mais longe a campanha

Estão, entre elas, a quotização, em que importa chegar ao final do ano com o maior número possível de membros do Partido com a quota paga e em dia e desenvolver um trabalho para a actualização do seu valor, aproximando-o do valor de referência de um por cento do salário ou rendimento mensal; as contribuições de eleitos e outros representantes do Partido em cargos públicos, assegurando o princípio de não se ser beneficiado nem prejudicado e a definição dos montantes das contribuições, o calendário e forma para a sua entrega regular; as verbas da participação nas mesas de voto, que constituem um importante compromisso e elemento distintivo para não criar diferenciação face a outras tarefas.

Para que a campanha «Um dia de salário para o Partido» cumpra o seu papel é fundamental a sua planificação em todas as organizações do Partido, a realização de contactos o mais alargados possível, onde para além de membros do Partido se considere também muitos amigos do Partido, independentes que participaram nas listas da CDU, democratas e patriotas, todos aqueles que reconhecem o papel do PCP na sociedade portuguesa. Sem prejuízo de se procurarem contribuições mais elevadas, em larga medida o que marcará o êxito da campanha será a capacidade de a levar mais longe e de alargar o envolvimento e a participação; será a participação na campanha de todos aqueles que independentemente das possibilidades contribuam para o aumento da capacidade financeira do Partido; será o alargamento da consciência de que todos contam para construir um Partido mais forte.

Vencendo campanhas que visam a desmobilização e desmotivação, de que são exemplos as atoardas que a propósito da Festa do Avante! ou do património do Partido regularmente são lançadas, aqui estamos para afirmar que é possível um PCP mais forte, para prosseguir a luta pela defesa, reposição e conquista de direitos, para afirmar a política patriótica e de esquerda que propomos ao povo português e para, no ano em que comemoramos o centenário da Revolução de Outubro, afirmar os valores de Abril no futuro de Portugal e o ideal comunista.




Mais artigos de: Opinião

«Transparências»

A nova secretária-geral do SIRP, Graça Guedes, na sua tomada de posse, afirmou que a relação do Sistema de Informações com os cidadãos tem de ser «transparente», tendo por base a actuação «discreta» dos seus agentes. Registe-se a...

A cultura da mercantilização

A recente realização de um jantar que juntou a nata desse «evento» a que chamam de Web Summit no Panteão Nacional é só mais um exemplo da política que ao longo de anos tem atirado os monumentos e o património nacional, ou para o abandono, ou para a mais abjecta...

Proibições

A ânsia do PSD em fazer prova de vida é tanta que os seus representantes, a começar pelos que têm assento na Assembleia da República, tropeçam nos próprios atacadores e se engasgam com a própria verve. Sem querer entrar na discussão académica de saber se...

Trump na China

A visita de Trump à China, no âmbito do périplo asiático concluído esta semana, recolocou as atenções na relação entre as duas maiores economias do mundo. Uma relação tão envolvente e multidimensional quão contraditória e...

Cavalgadas

Assunção Cristas foi à Feira do Cavalo na Golegã para se afirmar «chocada» com o ministro da Saúde por ele ter comentado que o nosso País está pobre, velho e às vezes entregue a si mesmo. Uma evidência que, por estes dias, se apresentou abordada em...