Não à ingerência na Venezuela Bolivariana
A Assembleia da República inviabilizou recentemente, com os votos do PS, PSD e CDS-PP, um voto apresentado pelo PCP de condenação pelas «ameaças e acções de ingerência e desestabilização contra a República Bolivariana da Venezuela» e de solidariedade com o seu povo. Votaram favoravelmente PCP e PEV, optando BE e PAN pela abstenção.
Esta votação ocorreu após debate sobre a situação política e social naquele país, com o PSD e o CDS-PP a alinharem abertamente pelas teses defendidas pelos círculos oposicionistas que alimentam a violência e o caos na tentativa de derrubar o regime bolivariano e o presidente Nicolas Maduro.
Já o BE questionou a veracidade dos resultados para a Assembleia Constituinte e a sua representatividade – «mesmo que fossem verdadeiros os dados de participação, e foram mais do que duvidosos os fornecidos pela Comissão Eleitoral da Venezuela, a Constituinte não representaria a maior parte dos venezuelanos», afirmou Jorge Costa –, enquanto o PS, pela voz de Isabel Santos, disse pautar a sua posição pela «defesa da transição para uma situação pacífica e democrática na Venezuela».
Coube ao PCP, pela voz de António Filipe, afirmar de forma inequívoca que a Assembleia Constituinte «foi convocada, eleita e tem os poderes que estão estabelecidos na Constituição da Venezuela», e sublinhar que a forma de salvaguardar os interesses da comunidade portuguesa que vive naquele país latino-americano não se faz defendendo o «caos e a instabilidade», mas sim «fomentando o diálogo e criando as condições para que a Venezuela possa desenvolver-se soberanamente e melhorar as condições de vida do povo».
Na sua intervenção, o parlamentar comunista lembrou o facto de a oligarquia que dominou o país nunca se ter conformado com a perda do poder em 1999 – «tentou logo o golpe militar à chilena para derrubar Hugo Chavez e nunca hesitou em lançar a violência nas ruas, o açambarcamento e a sabotagem económica para prejudicar as condições de vida dos venezuelanos», realçou – e de hoje esses sectores «dominarem grande parte da comunicação social na Venezuela e terem os mais fortes apoios do exterior, designadamente dos EUA e da UE».
Esse era, aliás, um dos pontos justamente focado no voto apresentado pelo PCP e no qual se podia ler que «aos actos de vandalismo, violência sistemática e terrorismo cometidos por sectores da oposição que se recusam a actuar no quadro da Constituição e da lei» veio somar-se a «intolerável ameaça de agressão militar feita pelo presidente dos EUA, Donald Trump, e a inaceitável recusa por parte dos EUA e alguns países, assim como da União Europeia, em reconhecer a legitimidade da Assembleia Nacional Constituinte eleita pelo povo venezuelano nos termos da Constituição».
No voto verberava-se ainda o «boicote económico e financeiro, incluindo o açambarcamento e a especulação de preços e de bens», práticas e métodos promovidos por aqueles que no interior da Venezuela e no exterior «nunca aceitaram os progressos políticos, económicos, sociais e culturais alcançados por este país nos últimos 18 anos», nem a vontade do seu povo de «romper com um passado de políticas neoliberais responsáveis pela repressão e empobrecimento de milhões de venezuelanos».