500 em 2019

João Frazão

500 é o número de Equipas de Sapadores Florestais que a Estratégia Florestal Nacional afirma ser necessário para uma cobertura equilibrada do País.

Estas equipas constituídas por cinco profissionais fazem, entre o Outono e a Primavera, trabalhos de limpeza da floresta, a chamada gestão do combustível, de recuperação de áreas ardidas, de abertura de caminhos, e até de vigilância e de articulação com as autoridades em casos de detecção de problemas. No período dos incêndios, estas equipas estão próximas das áreas de floresta, que conhecem bem, fazendo vigilância e mesmo primeira intervenção em fogo nascente que, comprovadamente, é a que tem maior eficácia.

A referida Estratégia apontou esse número como objectivo a atingir em 2006. Onze anos passados, temos pouco mais de 250 equipas.

Ao longo dos anos, apesar das sucessivas denúncias do PCP, a lógica foi a de desmantelar os serviços públicos, de cortar na despesa, adiando e ignorando os objectivos que os governos definiam para si próprios, também nesta matéria. E a floresta ficou por limpar.

A cada novo grande incêndio levanta-se o clamor popular, faz-se votos de que agora é que vai ser, giza-se novos planos e estratégias e, até hoje, tem ficado tudo na mesma.

Perante a tragédia de Pedrógão Grande, o PCP repetiu o que vem dizendo há muito. Sem ovos, não se faz omeletes. O que faz falta é levar à prática o que está consensualmente definido. Face às propostas do Governo da chamada Reforma Florestal, fizemos o que ninguém mais fez. Propusemos e conseguimos ver aprovada a obrigatoriedade de o Governo apresentar um plano para criar as equipas que faltam para o objectivo nacional das 500 até 2019, para, ao invés de lhe roubar as terras, apoiar os pequenos proprietários nessas tarefas essenciais.

Sabemos que custa dinheiro. Cá estaremos no debate do Orçamento do Estado para o lembrar. Até porque sabemos que não fazer o que é preciso custa muito mais, como o ano de 2017 mostra à saciedade!




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