A ERC e a pós-verdade
O termo «pós-verdade», muito na voga, é um neologismo para mentira, treta, falsidade, fraude. Ou seja, a própria pós-verdade é uma mentira, escondendo e tentando legitimar o acto de mentir, desinformar, ocultar ou transfigurar factos verdadeiros por via de uma teoria peregrina em que «algo que aparente ser verdade é mais importante que a própria verdade». Vem esta reflexão - ou melhor: acusação - à liça a propósito de vários comentários televisivos recentes. Poderíamos falar, mais uma vez, do tratamento mediático da situação na Venezuela, ou da forma como se abordou a questão da já tristemente célebre «lista de mortos» de Pedrogão. Contudo, desta feita, vamos falar de candidatos a eleições autárquicas.
Marques Mendes afirmou, já há algum tempo, que no concelho de Peniche havia «duas candidaturas da área da CDU». Por sua vez Jorge Coelho afirmou no passado dia 27 de Julho, que «em Peniche, a CDU tem dois candidatos». Procurando precisar o que tinha acabado de dizer, proferiu uma segunda afirmação, ainda mais grave, afirmando que o «anterior Presidente também é candidato e, pelos vistos, também é apoiante da CDU», deixando assim entender que o actual Presidente da Câmara de Peniche se candidata como independente. Tudo isto é mentira. António José Correia é o candidato da CDU a Presidente da Assembleia Municipal daquele Concelho, a CDU em Peniche apresentou os seus 124 candidatos a semana passada em tribunal, está de boa saúde e recomenda-se.
A CDU enviou quase de imediato um protesto à direcção de informação da SIC, da qual ainda não obteve resposta. Já noutros casos similares, envolvendo outros concelhos, as queixas apresentadas pela CDU na ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação Social) não foram deferidas porque, segundo a ERC, se trata de espaços de opinião! Ou seja, é a própria ERC que considera que a manipulação e a mentira sobre factos concretos é opinião, abraçando assim, a teoria da «pós-verdade», ou por outras palavras, a legitimação da mentira, da treta e da fraude. É caso para dizer que a ERC é ela própria uma «pós-verdade», ou seja, uma fraude.