Aumentos diferentes, políticas diferentes

Margarida Botelho

A nova tabela de «comissões bancárias» que a Caixa Geral de Depósitos está a implementar é inaceitável e é um escândalo. Não é de hoje nem exclusiva da Caixa uma lógica em que quem tem menos paga mais no que diz respeito a serviços bancários. Quanto mais baixo o saldo médio de uma conta, mais o utente tem que pagar, por tudo, por nada e frequentemente sem aviso: manutenções de conta, cheques, movimentos, taxas e impostos, a imaginação é o limite para o saque.

O que a administração da Caixa veio agora anunciar é o fim das isenções que até hoje reformados e pensionistas com mais de 65 anos tinham nesta instituição bancária.

É particularmente exemplar que esse aumento seja anunciado no mês de Agosto, em que uma parte significativa dos aumentos das reformas e das pensões consagrados pelo Orçamento do Estado para 2017 se confirmarão na prática. O aumento das reformas seria praticamente – ou mesmo todo - comido pelo aumento das comissões bancárias.

Ficam assim expostos dois caminhos contraditórios e opostos: o da devolução de direitos e rendimentos, de que o aumento das reformas é exemplo; ou o do favorecimento dos grupos do capital monopolista, de que o aumento das taxas na Caixa indica.

O que a Caixa precisa é de se afirmar como um grande banco público, pela presença no território nacional, pela relação com as estruturas do Estado, pelo apoio às micro, pequenas e médias empresas e à economia nacional. O caminho da Caixa não pode ser fazer igual às piores práticas da banca privada, seja fechando agências, despedindo trabalhadores ou aumentando as comissões bancárias. É esse o caminho que a União Europeia quer impor no âmbito do processo de recapitalização. É esse o caminho que favorece os grupos monopolistas que controlam o sector financeiro em Portugal. É esse o caminho que não podemos aceitar, porque é contrário aos interesses dos trabalhadores, do povo e do País.




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