América Latina ausente

Luís Carapinha

A desinformação é uma arma de destruição massiva

Tal como Aleppo e a Síria ainda há pouco, a Venezuela está na ribalta de um autêntico massacre mediático que serve uma agenda determinada pelos grandes interesses corporativos e centros de decisão do imperialismo. Em tempos turbulentos, de agudização da crise estrutural capitalista, a desinformação também é, cada vez mais, uma arma de destruição maciça. Vem isto a propósito do contraste entre a bestialidade da campanha contra a Venezuela bolivariana que corre nas grandes cadeias mediáticas globais e a penumbra ou ausência a que é devotada a realidade essencial latino-americana.

Tomando o plano geral de uma região que continua a ostentar dos maiores índices mundiais de desigualdade social, como a situação concreta em diferentes países. É assim, por exemplo, que o golpe de Estado institucional no Brasil se vai desvanecendo do horizonte mediático, num momento em que a ameaça antidemocrática se adensa sobre o país. Vai-se puxando pela transbordante espuma da corrupção, centrando holofotes no festim sensacionalesco em torno da Lava-Jato e da roda-viva de cadeiras em queda. Para trás ficam as políticas de brutal retrocesso anti-social do governo – ilegítimo – de Temer, a ofensiva contra os direitos laborais (incluindo a implementação das 12 horas de trabalho), o recuo da reforma agrária e a condição de milhões de indigentes, desempregados e camponeses sem terra.

Não interessa interpelar e descortinar o cerne da austeridade agravada, da recuperação do fôlego neoliberal, do esbulho da riqueza nacional e enfeudamento aos interesses do imperialismo norte-americano e capital financeiro. Que, na Colômbia, a oligarquia vai esconsamente furando os acordos de paz, enquanto se mantém o silêncio sepulcral das centenas de sindicalistas e dirigentes sociais que continuam a ser todos os anos assassinados; dos milhões de camponeses que permanecem refugiados.

Não são notícia, e muito menos aspiram a campanha, os paramilitares que não desarmam, os uivos genocidas dos Uribes, as bases militares dos EUA. Ou, também, a Argentina da restauração neoliberal, em que desde a tomada de posse de Macri os despedimentos já ascendem à ordem das centenas de milhares, os índices de pobreza voltam a disparar e a fome e desnutrição infantil se expandem. E que o país se volta a endividar no exterior para pagar aos fundos abutre da especulação…

E o México, rosto de uma história que perdura, de uma América Latina de veias abertas, com as maquiladoras, os tráficos remanescentes, a discriminação dos indígenas, o assassinato de 43 estudantes por esclarecer, as dezenas de milhares de mortos da guerra surda do crime organizado. Como poderia ser, também, o caso esquecido das Honduras, Guatemala, Peru, Paraguai e tantos outros países. Enfim, todos tão perto dos EUA… Mas, cuidado, que os povos resistem, lutam e até fazem revoluções.

Como Cuba socialista, resistindo há mais de 60 anos ao bloqueio criminoso. Ou a revolução bolivariana que continua a não dar descanso aos profissionais da indústria da manipulação e jornalismo embarcado.




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